Desde 2017 que os bonecos de Estremoz são Património Cultural Imaterial da Humanidade por decisão da UNESCO. Desde então a popularidade dos pequenos bonecos pintados não abrandou.
Em declarações à Agência Ecclesia, Hugo Guerreiro, responsável pela candidatura vitoriosa, explica que o figurado de barro de Estremoz surge como resposta à procura do povo, que “queria em sua casa, as representações dos santos e das cenas bíblicas que via nas igrejas, mas que não estavam ao seu alcance”.
“É uma resposta do povo à arte erudita”, considera o responsável pelo Museu Municipal de Estremoz.
A arte começou no século XVII e foram as mãos das mulheres de Estremoz que moldaram os primeiros bonecos. Esta expressão artística foi trabalhada de forma continuada até aos dias de hoje e concentra alguns pormenores de execução que definem estas peças como genuínas.
“As peças são vestidas e moldadas a partir da bola, do rolo ou placa de barro”, refere Hugo Guerreiro.
As peças são “vestidas” e apresentam, na sua simplicidade “um aspeto algo grosseiro ou naïf muito popular e pintadas com cores garridas com as características do Alentejo”.
Hugo Guerreiro, também diácono permanente na Arquidiocese de Évora, destaca este imaginário popular como expressão também da sensibilidade religiosa das gentes.
A possibilidade de ter junto de si uma representação do santo de que eram devotos, facilitava a oração e o acender da pequena vela junto do oratório; representações de Nossa Senhora da Conceição, Santo António ou S. João, estão entre as mais populares.
Lembra que mais tarde, com a disseminação da escola de Mafra e com Machado de Castro, é a representação do presépio que ganha popularidade neste imaginário de barro.
Hoje, os artesãos de Estremoz registam uma procura crescente em torno destas peças.
Recorde-se que, como a RC noticiou, em julho os Bonecos de Estremoz foram eleitos pré-finalistas do concurso 7 Maravilhas da Cultura Popular.
Fonte: Agência Ecclesia