O Governo anunciou esta sexta-feira, em comunicado na sua página oficial, a criação do Prémio Nuno Portas, a atribuir pelo Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU I.P) a estudos ou projetos académicos que tenham a habitação e o habitat no centro do seu desenvolvimento.
Este prémio, que presta assim homenagem ao arquiteto Nuno Portas, reconhecido pelo seu trabalho ao longo da vida exatamente nestas duas áreas e que marca o simbolismo de comemoração pelos seus 90 anos e pela comemoração dos 50 anos da revolução de 25 de abril pelo qual tanto lutou.
O anúncio do prémio foi feito esta tarde pela Secretária de Estado da Habitação durante seminário «Mais do que Casas», na FAUP. Fernanda Rodrigues lembrou o arquiteto Nuno Portas, referindo que “nos estudos, trabalhos ou projetos académicos e científicos” submetidos ao prémio agora criado, será valorizada «a inquietude, a insatisfação e a interrogação permanente”, bem como “a diversidade disciplinar com que colide a Arquitetura e, acima de tudo, a militante intervenção cívica de Nuno Portas para tornar as cidades e periferias portuguesas em algo melhor».
Estes trabalhos, produzidos por estudantes (nacionais e internacionais) nas Instituições de Ensino Superior portuguesas, terão como objeto a casa, o território em que se insere e as dinâmicas da sua vivência.
A primeira edição do Prémio Nuno Portas ocorrerá em 2024 e terá um carácter regular e de periodicidade anual. Acompanhará o já instituído Prémio Nuno Teotónio Pereira, também atribuído pelo IHRU.
Nuno Portas nasceu em Vila Viçosa, em 23 de setembro de 1934. Filho de Leopoldo Barreiro Portas e de Umbelina do Carmo das Neves Martins, estudou arquitetura na Escola de Belas Artes de Lisboa e na Escola de Belas Artes do Porto, onde concluiu a licenciatura em 1959. Dois anos antes, tinha começado a trabalhar no atelier do arquiteto Nuno Teotónio Pereira, no qual se manteve até 1974.
É nessa altura que Nuno Portas se torna o primeiro Secretário de Estado da Habitação e Urbanismo no Portugal democrático, cargo que que conservou durante os três primeiros Governos Provisórios. No exercício dessas funções, fomentou a criação de cooperativas de habitação e de Gabinetes de Apoio Técnico (GAT) estruturas da administração Central descentralizadas de apoio aos Municípios, concebeu o Serviço de Apoio Ambulatório Local (SAAL) e desencadeou o processo conducente à adoção dos Planos Diretores Municipais. Em 1990, tornou-se Vereador do Pelouro do Urbanismo da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia.
Entre os anos sessenta e setenta foi investigador do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (1962-1974), onde coordenou o Núcleo de Pesquisa de Arquitetura, Habitação e Urbanismo.
Foi também professor na Escola de Belas Artes do Porto, da qual é atualmente Professor Jubilado. Passou pela Escola Técnica Superior de Arquitetura de Barcelona, do Instituto de Urbanismo de Paris, da Universidade de Paris VIII, do Politécnico de Milão, da Universidade de Ferrara e da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Fonte: portugal.gov.pt