A Câmara de Moura manifestou hoje a sua “profunda indignação” por a empresa gestora do Alqueva pretender “amputar” em 3.000 hectares o regadio no concelho e exigiu ao Governo a construção integral do bloco de rega.
“Na defesa intransigente dos interesses do concelho”, o município “não pode ficar indiferente, nem deixar de manifestar a sua profunda indignação” quanto à “comunicação efetuada pela EDIA”, pode ler-se na moção aprovada, por unanimidade, pelo município e enviada hoje à agência Lusa.
No documento, aprovado na quarta-feira na reunião de câmara, a autarquia deliberou exigir ao Governo “a execução integral do Bloco de Rega Amareleja-Póvoa-Moura, conforme foi anunciado e prometido aos agricultores e população do concelho”.
O município lembrou que o projeto de expansão da área de regadio no âmbito do empreendimento do Alqueva “previa uma abrangência total de 10.000 hectares” naquele concelho do distrito de Beja.
Mas o presidente da Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva (EDIA), José Pedro Salema, comunicou “a intenção de amputar a área de regadio para o concelho em cerca de 3.000 hectares”, o que defrauda “as legítimas expectativas da população” e afeta “diretamente os agricultores”.
O projeto, como estava ‘desenhado’, criou na população, “e em especial nos agricultores, a expectativa de desenvolvimento de um setor de primordial importância” local, “levando a que fossem realizados importantes investimentos”.
Segundo o município, o facto de o bloco de rega ter sido “anunciado e apresentado publicamente pelo então ministro da Agricultura” Capoulas Santos, “em setembro de 2018”, conduziu a esses mesmos investimentos e expectativas.
“Exigimos que seja cumprido o que nos foi prometido”, disse a câmara, recusando “imputar culpas” ou esgrimir “argumentação de cariz político-partidário”, atendendo ao período de campanha eleitoral, mas defendendo que importa a “junção de esforços coletivos das forças vivas” do concelho para “defender e exigir as melhores condições para os agricultores” locais.
A câmara municipal prometeu também encetar, “de imediato, todas as ações necessárias” para dialogar com o próximo ministro da Agricultura, após as eleições de domingo, para defender a concretização integral do bloco de rega.
O Governo “necessita entender a importância estratégica deste projeto, bem como a necessidade de que seja executado na sua totalidade”, frisou a autarquia, expressando solidariedade para com os agricultores.
Em comunicado, no passado dia 19, a Cooperativa Agrícola de Moura e Barrancos (CAMB) revelou ter tido “conhecimento da intenção” da EDIA de “reduzir para cerca de 7.000 hectares a área de implantação do bloco” de rega em Moura e manifestou-se contra esta decisão.
Nesse mesmo dia, em declarações à Lusa, o presidente da empresa do Alqueva admitiu essa redução da área do bloco de rega, devido à subida dos custos de construção e de equipamentos, desde que foi projetado.
C/Lusa