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Sexta-feira, Novembro 22, 2024

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Cantinho dos Animais de Évora com dificuldades. Responsável diz “existe mais preocupação, mas na prática não se traduz numa ajuda efetiva” (c/som)

Cantinho dos Animais é uma associação de utilidade pública fundada em 19 de outubro de 1979, na cidade de Évora, visando a defesa e o acolhimento de animais.

Neste sentido a Rádio Campanário falou com Susana Cunha, responsável dos órgãos sociais da associação, sobre os projetos desenvolvidos e as principais dificuldades que enfrentam.

Susana Cunha começa por explicar que a associação, inicialmente constituída apenas por voluntários, “tive a necessidade de contratar uma pessoa que realiza um horário de trabalho completo, pois os animais têm necessidade de ser limpos e alimentados todos os dias, o que apenas com voluntários era impossível de acontecer”.

“Os animais têm necessidades diárias, é impossível assegurá-las apenas com trabalho voluntário”
Susana Cunha

A responsável refere que “temos alguns voluntários, nomeadamente os membros dos corpos sociais, que mediante a disponibilidade de cada um, vamos ao abrigo fazer o que for necessário”.

Questionada pela RC sobre a capacidade e lotação do abrigo de Évora, Susana Cunha refere que “estamos completamente cheios”, acrescentando que “temos capacidade para cerca de 90 cães, dependendo do porte dos animais”.

A responsável explica que “presentemente são cerca de 82 cães, tendo em conta o seu feitio e necessidade de os juntar não conseguimos receber mais animais”, a que se juntam “alguns cães em famílias de acolhimento temporário, pois já não temos espaço”.

Na parte destinada aos gatos “estamos com 25 animais no abrigo e 4 em famílias de acolhimento temporário”, declara.

A associação conta com o Programa Famílias de Acolhimento Temporário (FAT), onde os interessados acolhem temporariamente animais nas suas casas.

Sobre este programa Susana Cunha refere que “as pessoas tem aderido pouco, temos algumas famílias que são sempre as mesmas, quando estão ocupadas não temos onde colocar os animais”.

A responsável refere que “fazemos vários apelos para conseguirmos mais famílias, temos um grupo nas redes sociais dedicado exclusivamente a isso, as pessoas efetivamente inscrevem-se, mas quando fazemos os apelos não aparecem”.

“As pessoas inscrevem-se nas FAT’s mas depois não respondem aos apelos”
Susana Cunha

Presentemente “contamos com 4 famílias de acolhimento, e estão todas ocupadas”, explicando que “duas com cães e duas com gatos, tendo cada uma mais do que um animal”.

 A RC procurou saber como é que uma associação deste género sobrevive, ao que Susana Cunha refere “os nossos apoios dependem sempre dos donativos, essencialmente de particulares”, uma vez que “não temos nenhum apoio fixo público/privado”.

Outra das fontes de receita “são as cotas que os sócios pagam”, explica a responsável, acrescentando que “dependemos também de donativos em géneros, onde temos alguns supermercados e lojas de animais que nos dão a alimentação que se aproxima do final do prazo de validade”.

Susana Cunha adianta ainda que “existem pessoas que nos oferecem também alguns donativos em géneros, algumas farmácias oferecem-nos alguma medicação para os animais”.

Para além destes donativos “vamos também desenvolvendo algumas atividades para angariar fundos”, ao mesmo tempo que “existem também entidades que organizam atividades para recolher fundos ou géneros para o abrigo”, refere.

Susana Cunha apela “a todas as pessoas que pensam adotar um animal, que recorram a uma associação e o façam”, pois, “ao encaminhar alguns animais para adoção estamos a criar condições para que os abrigos possam acolher outros animais”.

 O Cantinho dos Animais solicita “a todos aqueles que tenham possibilidade que se associem”, lembrando que “temos alguns parceiros que oferecem benefícios aos nossos sócios”.

Ao nível do voluntariado, a responsável pede a “todos os que puderem que se tornem voluntários no abrigo, para nos ajudarem sobretudo a passear os cães, a interagir com eles, pois somos claramente insuficientes para colmatar essa necessidade diária”.

“Se puderem façam donativos, temos uma divida grande com o veterinário que nos presta serviços”
Susana Cunha

Naquilo que concerne a eventuais dívidas, Susana Cunha começa por referir que “efetivamente não somos uma empresa, pouca gente faz isto e nós temos todas as obrigações fiscais e legais que uma empresa tem”

“Somos voluntários sem fins lucrativos, mas temos de dar uma resposta em tudo semelhante a uma empresa”
Susana Cunha

A responsável afirma que “a nossa dívida ascende aos 6 mil euros”, lembrando que apesar da mesma “o hospital veterinário que nos presta auxílio dá-nos uma ajuda enorme, não nos nega a assistência aos nossos animais e nós vamos tentando pagar e cumprir dentro daquilo que são as nossas possibilidades”.

“Verificamos que existe boa vontade e algum despertar para esta situação”
 
Susana Cunha  

Questionada pela RC sobre uma maior consciencialização das pessoas para as problemáticas do abandono, defesa e adoção de animais, Susana Cunha afirma que “é um facto que estamos mais alerta para a defesa dos animais, existe mais gente preocupada “, no entanto, “na prática isso não se traduz numa ajuda muito efetiva”.

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