A Fundação da Casa de Bragança inaugurou na passada sexta-feira, 26 de abril, mais uma temporada de concertos na Capela do Paço Ducal, que nos próximos meses vai dedicar os seus recitais a D. Maria II por ocasião do bicentenário do nascimento da rainha.
No total a Capela do Paço Ducal vai acolher oito recitais, sendo que o concerto inaugural, intitulado “D. Maria II no Arquivo Musical do Museu Biblioteca da Casa de Bragança – I”, esteve a cargo de Rui de Luna (barítono), Pedro Vieira de Almeida (piano), Pedro Santos (acordeão) e Marcos Lázaro (violino).
Para Maria de Jesus Monge, diretora do Museu-Biblioteca, a casa para lá de cheia que a Fundação da Casa de Bragança registou no primeiro concerto “não foi uma surpresa”, justificando com “o tema muito particular e muito trabalhado” para esta temporada.
No que respeita ao estilo musical, a diretora do espaço museólogo explica que “algumas das músicas executadas são marchas e sendo marchas têm naturalmente um ritmo diferente e também alguma música para salão”, alguma dela composta por uma muito jovem D. Maria II que “como todos os Bragança estudou música”.
Também a esta estação emissora o barítono Rui de Luna explica que o estudo realizado no arquivo musical da Fundação da Casa de Bragança foi “relativamente fácil” pela sua organização, no entanto “é muito complicado reunir todo um reportório que estava esquecido quase há 200 anos”.
Nesse sentido, Rui de Luna realizou “todo um trabalho de recolha de todo este material histórico e que é de maior importância para a nossa cultura”, onde muitas vezes são obras “mal identificadas, algumas perdidas e outras mal catalogadas”, mas por D. Maria II estar associada ao papel de educadora “nunca foi seriamente estudado o papel musical” da rainha.
Questionado sobre o estilo musical, Rui de Luna explica que “a música tem naturalmente outra dinâmica” com influencia sobretudo inglesa e francesa e “hinos cantados são muito patrióticos” onde é notória a vertente militar com o intuito de chamar todas as ostes “para impor um liberalismo politica no país”.
A musica “acaba por ser um reflexo da sociedade”, onde existem “tempos de dança para aliviar a sociedade” que passou por convulsões politicas diárias e “todo o aspeto marcial que era necessário para levantar toda esta população a apoiar D. maria II”.
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