Como a Rádio Campanário oportunamente noticiou, foram furtados três cavalos de uma propriedade localizada na freguesia de Santa Eulália (Elvas) na passada terça-feira, dia 19 de abril.
Os animais avaliados em cerca de cinco mil euros cada, foram localizados e resgatados, no dia seguinte numa herdade em Barbacena, pelo Núcleo de Investigação Criminal da Guarda Nacional Republicana de Elvas.
Agora o proprietário da herdade onde se encontravam os cavalos, Pedro Tinoco, vem esclarecer à Rádio Campanário que, apesar de ter transportado os animais sem a respetiva documentação de identificação e sem as guias de transporte, não sabia que eram cavalos furtados.
Pedro Tinoco conta que um amigo havia comprado “dois cavalos no dia anterior a ir lá carregá-los, eu fui lá carregar os cavalos (…) e no caminho o individuo que comprou o (primeiro) cavalo, disse-me que estavam lá mais dois cavalos que ele queria vender (…) na altura a herdade estava à venda e o proprietário da herdade já não queria lá os cavalos dele”.
Questionado sobre onde foi carregar os cavalos, refere que foram carregados “na herdade do verdadeiro dono (…) na Herdade de São Domingos, perto de Santa Eulália”.
Perguntado para onde se direcionavam os cavalos, afirma que “foi um amigo que os comprou ao dono fantasma, ao dono que nunca existiu (…) os cavalos saíram de lá (da Herdade de São Domingos) em duas vezes, a primeira vez saiu um cavalo e da segunda vez saíram dois cavalos”.
Instado sobre a primeira vez em que foi carregar o primeiro animal, na Herdade de São Domingos, quem é que estava lá para o receber e para carregar os cavalos, expressa que “estava o tal amigo meu, que não vou identificar, só, com o cavalo preparado para o carregar (…) não havia lá mais ninguém (…)”, o cavalo “era do vendedor fantasma, vendedor que não era dono (…) não vou identifica-lo”.
Sobre se tinha sido informado do verdadeiro dono do cavalo e como tinha sido adquirido, Pedro Tinoco diz que no caminho o amigo lhe disse que “havia lá dois cavalos do proprietário que não era dono e se fez passar por dono, e que tem fotografias no facebook dos cavalos, há mais tempo, ele andava na propriedade como se fosse dele (…) uma coisa bem feita”.
Questionado se desconhecia que a herdade não pertencesse ao tal amigo e se não estranhou que não estivesse lá o verdadeiro proprietário, expressa que sabia que não era dele, “mas o proprietário fantasma estava lá, já lá andava, tinha-se ido embora, mas foi lá carrega-lo quando eu o fui buscar para o carregar. Eu carreguei-o com o meu amigo e veio para a minha propriedade”.
Sobre quantas pessoas estavam no local, refere que eram três, “eu, a rapariga que foi comigo e o meu amigo, o proprietário que não era o proprietário, já lá não estava porque quando me disse para carregar o cavalo, foi três horas antes, eu não podia ir porque tive que fazer umas coisas em Elvas (…)”, salientando que nessa altura “o proprietário fantasma já lá não estava”.
Indagado se não estranhou que o proprietário não estivesse presente no momento de carregar o animal, afirma que não porque “ele já tinha pago o cavalo, estava lá tudo, eu no dia a seguir fui lá carregar os outros dois e estavamos a falar das seis da tarde, não estamos a falar de noite (…) eu fui lá, estiveram ali seis pessoas, comigo sete, a rir, a brincar, estávamos à vontade, nesse aspeto fui burro por um lado mas noutro aspeto guardei tudo e temos essas provas todas. Carregamos os cavalos, trouxemo-los para a minha herdade (…) carreguei o primeiro cavalo às seis e pouco de segunda-feira (…) depois fui carregar os outros dois cavalos na terça-feira, mais ou menos por volta da mesma hora, ou talvez um pouco antes”. Quando estavam no local, segundo Pedro Tinoco, “sete pessoas e o suposto dono dos cavalos, ele é que andou lá dentro a apanhar os cavalos, trouxe-os e eu pedi-lhe os documentos dos cavalos, mas os documentos estavam em Assumar, e ia busca-los no dia seguinte”, justificando-se, “eu tenho tudo em mensagens”.
Quando lhe foi perguntado se para transportar os animais não seria necessário guias e quem as teria emitido, declara que não foram passadas guias, “os cavalos vieram sem guias, eu depois ia buscar os cartões (…) como ele me disse que estava tudo legal, eu carreguei os cavalos na maior inocência, ele tinha que tirar de lá os cavalos porque o proprietário da herdade não os queria lá (…)”.
Instado se não estranhou a forma como se desenvolveu a situação, realça que “o proprietário estava lá (…) o outro já tinha pago o cavalo dele. No dia a seguir falamos por mensagem e o rapaz que trazia o cavalo disse-me que tinha lá um branco muito bonito e fomos falando (…)”.
Sobre o facto de fazer o transporte dos animais sem as respetivas guias, Pedro Tinoco advoga, “eu é que fui buscar os animais, os animais eram para ter cartão, estavam identificados, supostamente era para estarem identificados, e ele estava lá com a identificação, mas quando cheguei, ele não tinha nada. Eu já lá estava, trouxe os animais (…) carreguei-os porque ele tinha que os tirar de lá e eu disse que os levava e levei”. Acrescenta que andou “por dentro da povoação, andei por todo o lado com os cavalos, claro que não tinham guias, mas andei com os animais e carreguei-os à frente de toda a gente, não passou pela minha cabeça, que os animais fossem roubados, (…) eu não ia levar os cavalos para a minha herdade estando dali a 10 quilómetros. Se fossem furtados, os cavalos tinham que desaparecer e nesse caso não seria burro ao ponto de levar os animais para a minha herdade e deixá-los, ao ponto de saber o que me iria acontecer. Seria impensável”.
Novamente indagado sobre a conversa que teve com o suposto dono dos animais durante o seu transporte, diz que “houve uma negociação e eu cheguei ao facebook e perguntei-lhe quanto é que ele queria pelos outros dois cavalos e ele respondeu-me qual o preço dos cavalos e mandou-me ir vê-los”.
Sobre o valor acordado, conta que foram “cem euros e mais qualquer coisa pelo primeiro e pediu-me mais cinquenta euros pelo outro que tem um problema numa pata, partida talvez (…) e depois quando veio o outro, acertaríamos valores, quando tivesse as cartas na mão”.
Pedro Tinoco depois de questionado se negociou os cavalos sem que tivesse a sua documentação, confirma, embora houvesse “fotografias e ele tinha provas, não eram dele, mas tinha tudo como se os cavalos fossem dele (…) a identificação dos cavalos recebia-a na manhã a seguir e íamos busca-la a Assumar, eu tenho isto tudo escrito, está na posse da GNR, o processo está em inquérito”. Sustenta que quando chegou de manhã, “estava o senhor do Núcleo de Investigação Criminal de Elvas e perguntou-me onde fui buscar o cavalo branco”, tendo-lhe dito que o tinha comprado ao verdadeiro dono, facto desmentido pela GNR.
Indagado sobre quem são os verdadeiros donos dos animais, Pedro Tinoco assevera que não sabe, mas “devem ser os donos da herdade ou o senhor que está no monte que é um amigo meu e com quem andei à escola muito tempo”.
Diz que se soubesse quem eram os verdadeiros donos da Herdade de São Domingos e proprietários dos cavalos, “teria ligado, mas as pessoas que lá estavam, afirmaram que ele tinha lá os cavalos e todas as semanas lá ia e levava pessoas a montar os cavalos, era insuspeitável e não há explicação (…) os proprietários não são portugueses (…) eu em parte tenho culpa porque não tinha que levar os cavalos, mas o único que foi burlado fui eu”.
Relativamente ao valor que lhe foi cobrado pelos animais quando estão avaliados em cerca de cinco mil euros cada, expressa que “cinco mil euros pode ser o valor para o senhor (…) mas ele estava com a corda ao pescoço e tinha que tirar de lá os animais à pressa porque o dono da herdade não os queria lá e havia a possibilidade de os matar (…) o dono da herdade, um senhor espanhol, deixou ter lá os cavalos, ele tinha aquilo arrendado por vinte euros por mês para ter lá aqueles cavalos”.
Instado sobre estar a proteger o individuo que supostamente o burlou, não revelando o seu nome, Pedro Tinoco diz que por enquanto não o vai fazer, “o inquérito está a decorrer”, salientando que foi “constituído arguido por ter os animais na minha posse (…) e também o falso vendedor que não vou identificar nem as testemunhas”.