A líder do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, alertou ontem para a urgência de serem atribuídos apoios do Estado ao setor da cultura, que está parado há três meses, na sequência da pandemia de COVID-19.
“Não podem ter passado três meses e nós estarmos a fazer reuniões sucessivas em que nos dizem que mesmo os poucos apoios não chegaram às pessoas que teoricamente teriam acesso a eles”, afirmou.
Catarina Martins falava aos jornalistas depois de ouvir as queixas de cerca de 20 artistas e representantes de estruturas artísticas do Alentejo, numa reunião realizada no espaço Armazém 8, em Évora.
A dirigente do BE disse que “os poucos apoios de emergência que foram lançados pelo Ministério da Cultura ainda não chegaram ao terreno” e que “os poucos que tiveram acesso ao fundo de emergência ainda não receberam nenhum apoio”.
Já as linhas de crédito lançadas para os setores do turismo e cultura “foram na verdade todas esgotadas apenas no setor turístico e o setor da cultura não chegou a ter acesso a essas linhas”, adiantou.
“A cultura está com três meses de paralisação sem nenhum apoio”, advertiu Catarina Martins, considerando que o problema em territórios como o Alentejo “o problema da crise”, provocado pela pandemia, “é particularmente agudo”.
Nesse sentido, a líder bloquista defendeu que “os apoios que eram de emergência e as linhas que era suposto chegarem à cultura cheguem efetivamente” e a inclusão do subsídio de desemprego extraordinário no orçamento suplementar.
São também “precisos apoios a fundo perdido para permitir a sobrevivência de instituições culturais em todo o território nacional, que são aquelas que promovem o acesso a cultura e o ensino das artes”, acrescentou.
Lurdes Nobre, diretora da AssociArte, proprietária do espaço Armazém 8, reivindicou a criação de “uma verdadeira linha de emergência” para a cultura, mas sublinhou que esse instrumento não pode ser um concurso.
“As linhas de emergência de todos os outros setores não foram concursos e a da cultura foi a única que foi um concurso”, lamentou, adiantando que a AssociArte, apesar de ter obtido apoio do fundo de emergência, ainda nem assinou o protocolo com a tutela.
A AssociArte, disse a responsável, fechou em março, devido à pandemia de covid-19, deixando numa “situação complexa” 12 artistas e técnicos que trabalham regularmente com esta associação.
Segundo Lurdes Nobre, algumas atividades da associação já recomeçaram no início deste mês, mas os espetáculos ainda não, porque a lotação máxima do espaço passou para 40 pessoas, o que obrigava a colocar os bilhetes muito caros, não sendo viável.