O Centro Local de Apoio à Integração de Migrantes de Odemira (Beja) foi criado há oito anos e é hoje a “primeira linha” de apoio para quem chega do estrangeiro para trabalhar neste concelho, sobretudo na agricultura.
Trata-se de “uma resposta cada vez mais reconhecida pela comunidade local e migrante neste sentido de primeira linha”, disse à agência Lusa Teresa Barradas, vice-presidente da Taipa, cooperativa sediada em Odemira e entidade gestora Centro Local de Apoio à Integração de Migrantes (CLAIM).
A resposta, gratuita, nasceu em 2014, com o objetivo de ser um gabinete “de acolhimento, informação e apoio descentralizado” aos migrantes que trabalham no concelho, na sua maioria vindos do Nepal, da Índia e do Bangladesh.
Para implementar o centro foi criado um consórcio, renovado por mais três anos no passado mês de março, que tem a Taipa como entidade executora e a Câmara de Odemira e cinco empresas agrícolas e de trabalho temporário como entidades financiadoras.
A estas, juntam-se ainda quatro juntas de freguesia do concelho de Odemira e mais duas associações.
Desde a sua criação, o CLAIM já realizou “perto de 16 mil atendimentos”, tanto presencialmente como “à distância”.
As tecnologias permitem que, através do ‘WhatsApp’ ou do ‘email’, se consiga responder a algumas necessidades desta comunidade, explicou Teresa Barradas.
“Neste momento, muitas vezes trabalha-se mais assim do que propriamente fazendo atendimentos presenciais”, corroborou à Lusa Rosa José, técnica da Taipa, que trabalha no CLAIM.
No dia em que a Lusa acompanhou o trabalho do centro local operado pela cooperativa, Rosa José fazia atendimento num posto descentralizado desta resposta, em Almograve, na sede da junta de freguesia.
Na ocasião, poucos foram os trabalhadores estrangeiros que entraram e não quiseram ser entrevistados, mas, às 09:00, a técnica já tinha mais de uma dezena de notificações no seu ‘smartphone’, com mensagens de migrantes, com perguntas e dúvidas sobre documentação.
A itinerância é a grande particularidade do centro, que, além de Almograve, faz atendimento descentralizado em São Teotónio e em Vila Nova de Milfontes, freguesias onde se encontra a maior parte dos migrantes residentes neste município do litoral alentejano.
“Sendo o território de Odemira tão disperso, em termos geográficos, era uma resposta de proximidade que era impensável não existir e que é para manter”, justificou Teresa Barradas.
No CLAIM de Odemira, os migrantes encontram, entre outras respostas, apoio para tratar da regularização da sua situação de estadia em Portugal e fazer pedidos de reagrupamento familiar ou de nacionalidade.
A pandemia de covid-19 acabou por trazer novas necessidades para esta população.
“Agora têm-se dirigido mais para questões de apoio social, também para [tratar de] inscrição nas escolas, para procura de emprego e para questões relacionadas com o acesso à saúde e habitação”, revelou Teresa Barradas.
Por vezes, as sessões de atendimento descentralizado também contam com a presença de uma técnica do Gabinete de Inserção Profissional (GIP) Imigrante, outra das respostas da Taipa para esta comunidade.
Segundo Teresa Barradas, o GIP Imigrante está a “ter uma procura cada vez maior”, tendo registado 823 atendimentos no ano passado e 383 no primeiro trimestre de 2022.
“Hoje temos uma capacidade de resposta cada vez maior e acho que [este serviço] já está muito reconhecido e formalizado junto da comunidade migrante”, frisou.
A vice-presidente da Taipa acrescentou que o GIP Imigrante, através da sua técnica, também “já chegou a fazer atendimentos em algumas entidades empregadoras” e até a acompanhar migrantes em entrevistas ou na integração “em postos de trabalho”.
C/ Lusa