Desde o final do mês de fevereiro que Portugal tem vindo a registar uma elevada precipitação, após dez meses com valores inferiores aos normais.
Tal facto, levou à subida do nível de armazenamento de todas as albufeiras do Alentejo, encontrando-se os valores médios muito próximos dos registados em meses homólogos, diz à RC, André Matoso, Administrador Regional da ARH (Administração da Região Hidrográfica) do Alentejo.
“Em dez dias choveu tanto como em dois meses de março, de anos normais”, aponta.
“A situação tem evoluído muito favoravelmente”, tendo a Barragem do Monte Novo, que abastece “Évora, Reguengos de Monsaraz, Mourão”, atingido a sua capacidade máxima a 10 de março, e encontra-se a descarregar desde então. No final de fevereiro, “estava apenas com 29%” de capacidade.
A Barragem do Alqueva, encontra-se atualmente com 79,5% da sua capacidade de armazenamento, sendo que “entre os dias 12 e 19 de março, aumento quase 400 mil m2”.
As “situações mais grave que tínhamos era o Monte da Rocha e Vigia”, aponta o dirigente.
A Barragem da Vigia, que abastece o concelho de Redondo, segundo dados de hoje (23 de março), “está com cerca de 42% de armazenamento”, sendo que “no fim de fevereiro estava apenas com 15%”.
A Barragem do Monte da Rocha, que surgiu nos últimos meses como um dos casos mais preocupantes, “mesmo assim recuperou” encontrando-se “hoje com um bocadinho mais de 26%” da sua capacidade, quando no final de fevereiro estava apenas a 8%.
A Barragem do Caia (Arronches, Campo Maior e Elvas), também segundo dados de hoje, está com armazenamento “superior a 43%” da sua capacidade. No final de fevereiro este valor era 18%.
Esta “anormalidade” do mês de março, reflete e é consequência das alterações climáticas, tendo sido registados no território nacional fenómenos como tornados, anos de seca, e agora muita chuva em pouco tempo, situação que defende – “é bom, mas não é normal”.
Verificando-se esta subida do nível da água das barragens, o administrador da AHR Alentejo recorda que “não sabemos quando volta a chover”, sendo desta forma crucial utilizar a água na rega e no abastecimento, “com parcimónia para que ela dure o mais possível e beneficie o maior número de pessoas possível”, pois uma coisa garante, períodos de seca “vão acontecer outra vez”.
Questionado se, face aos valores de armazenamento registados atualmente pelas barragens da região, ainda existirão culturas em perigo, afirma que existiam “culturas que estariam perdidas”, mas que com as chuvas das últimas semanas, “a catástrofe que se avisava está completamente fora e pra trás”.
A situação dos agricultores dependentes destas albufeiras está “muito melhor do que o ano passado”, aponta, tendo a rega sido realizada, levando o dirigente “a crer que a grande preocupação que existia neste momento está aligeirada”.
Contudo, reitera a importância de “não ficarmos todos iludidos com isto e fazermos culturas muito consumidoras de água, ou regar em períodos do dia errados”, mas este conhecimento e consciência considera ser já detido pela maioria dos agricultores.