O relatório preliminar do Censo Nacional de Coruja-das-torres revela 597 locais onde a espécie está presente: 584 em Portugal Continental e 13 na ilha da Madeira. Mas podem ser mais: o censo continua até final de junho, e está aberto a contributos de todos. Para contribuir para o estudo desta ave de rapina noturna, basta registar no formulário online se vir ou ouvir uma coruja-das-torres.
Segundo a Universidade de Évora, este o primeiro censo de coruja-das-torres à escala nacional, e o objetivo é contar o máximo possível de corujas, para melhorar as estimativas da distribuição e da abundância da população desta espécie em Portugal. A coruja-das-torres tem atualmente uma tendência populacional negativa na Península Ibérica e em vários países da Europa. Por ser muito tolerante à presença humana, pode até ser encontrada em cidades, onde nidifica frequentemente em edifícios. É muito fácil de identificar, com o seu disco facial branco em forma de coração e uma voz inconfundível (ouça aqui).
“Este censo foi uma oportunidade para envolver pessoas sem experiência em observação de aves, dar-lhes a conhecer esta espécie emblemática, e mostrar que podem contribuir para o conhecimento coletivo, de forma simples”, diz Inês Roque, uma das coordenadoras do censo.
Os dados constantes do relatório preliminar resultam do empenho de mais de 900 voluntários, mais de metade dos quais nunca tinham participado numa iniciativa de ciência cidadã. Estes participantes registaram os locais onde viram ou ouviram corujas-das-torres, ou onde sabiam da existência de ninhos da espécie. Os organizadores do censo criaram ainda os fins de semana da coruja-das-torres, em março, nos quais convidaram os cidadãos a ficar pelo menos 10 minutos na rua, depois de escurecer, a tentar ouvir corujas. Além destas participações, o censo contou também com voluntários experientes: membros do Grupo de Trabalho em Aves Noturnas da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (GTAN-SPEA) que, com o apoio de 24 coordenadores regionais, usaram uma metodologia padronizada de pontos de escuta para monitorizar a espécie.
O Censo Nacional de Coruja-das-torres é promovido pelo GTAN-SPEA e pelo Laboratório de Ornitologia do MED, Universidade de Évora. O envolvimento dos cidadãos decorreu no âmbito dos projetos “Ciência Cidadã: envolver voluntários na monitorização das populações de aves” e “Ciência para todos: sustentabilidade e inclusão (SCIEVER)” (HORIZON-MSCA-2022-CITIZENS-01-01).
O projeto “Ciência Cidadã – envolver voluntários na monitorização das populações de aves” é financiado pelo Programa Cidadãos Ativos/Active Citizens Fund (EEAGrants). um fundo constituído por recursos públicos da Islândia, Liechtenstein e Noruega e gerido em Portugal pela Fundação Calouste Gulbenkian em consórcio com a Fundação Bissaya Barreto. O projeto tem como parceiros a Wilder – Rewilding your days e o Norwegian Institute for Nature Research (NINA).
O projeto “Ciência para todos: sustentabilidade e inclusão (SCIEVER)” é financiado pela Comissão Europeia, através do programa MSCA and Citizens 2022. O consórcio liderado pela Universidade de Lisboa, através do seu Museu Nacional de História Natural e da Ciência, integra um conjunto vasto de parceiros, entre os quais a Universidade de Évora, que são responsáveis pela organização da Noite Europeia dos Investigadores 2022-2023 nas cidades de Lisboa, Braga, Coimbra e Évora. O projeto desenvolve, também, a atividade “Cientistas na Escola”, na qual se enquadra o kit educativo deste censo.
Fonte: Universidade de Évora