Mais de dois milhões de turistas passaram por Elvas (Portalegre) nos últimos 10 anos, após um investimento de 45 milhões de euros na recuperação de património e da conquista do “selo” Património da Humanidade da UNESCO, foi hoje revelado.
Os “visitantes/turistas que visitaram todos os equipamentos na cidade de Elvas entre 2012 (ano da classificação) e maio de 2022 foram pouco mais de 2 milhões”, segundo dados fornecidos à agência Lusa pela Câmara de Elvas.
De acordo com a autarquia, em 2011, antes da classificação da UNESCO e da recuperação de vários equipamentos, passaram pelo Posto de Turismo de Elvas mais de 28.600 turistas, enquanro este ano, entre janeiro e maio, os mesmos serviços registaram mais de 82.200 visitas aos equipamentos culturais e patrimoniais.
A classificação das fortificações abaluartadas de Elvas como Património da Humanidade, na categoria de bens culturais, ocorreu em 30 de junho de 2012, na 36.ª sessão do Comité do Património Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), em São Petersburgo, na Rússia.
“Antes de sermos classificados houve uma quantidade de investimentos feitos no património que nos foi deixado pelos nossos antepassados e que estava completamente abandonado e degradado. Essa foi uma das grandes preocupações a partir de 1994. Foram gastos milhões e milhões de euros a recuperar”, recordou hoje à agência Lusa o presidente do município, José Rondão Almeida (MCPE – Movimento Cívico Por Elvas).
De acordo com o autarca, o investimento que foi feito para conquistar este “selo” veio mais tarde “colher os seus frutos” e, desde a classificação, “é raro o dia” em que não são avistados “centenas de turistas, oriundos de toda a parte do mundo”, pelas ruas de Elvas.
“Hoje, é raro o dia da semana em que não vimos centenas de turistas oriundos de toda a parte do mundo, o que quer dizer que esse estatuto que Elvas adquiriu há 10 anos, deu essa oportunidade de Elvas ser conhecida além-fronteiras”, sublinhou.
O conjunto de fortificações de Elvas que foram classificadas pela UNESCO, cuja fundação remonta ao reinado de D. Sancho II, é a maior do mundo na tipologia de fortificações abaluartadas terrestres, possuindo um perímetro de oito a dez quilómetros e uma área de 300 hectares.
Na altura, foram classificados dois fortes, o de Santa Luzia, do século XVII, e o da Graça, do século XVIII, três fortins do século XIX, as três muralhas medievais e a muralha do século XVII, além do Aqueduto da Amoreira.
Classificado como Património Nacional em 1910, o Forte da Graça, monumento militar do século XVIII situado a dois quilómetros a norte da cidade de Elvas, constitui um dos símbolos máximos das fortalezas abaluartadas em zonas fronteiriças.
No que diz respeito ao futuro, José Rondão Almeida, desafiou uma parte da população a “respeitar” o património classificado, apelando a uma maior conscientização cívica.
“O que falta fazer, para mim, é consciencializar os elvenses de que têm de respeitar o património que os nossos antepassados nos legaram”, lamentou.
Apesar de sublinhar que a “grande maioria” da população” tem “orgulho na sua terra”, o autarca admitiu que existe ainda um “conjunto de preocupações” para que se possa afirmar que Elvas está no “bom caminho” no que diz respeito ao comportamento cívico, em relação ao seu património histórico.
Ainda sobre o futuro, a Câmara de Elvas espera desenvolver nos próximos tempos uma aposta mais forte na promoção do seu património junto dos media, para projetar a cidade e a região e assim atrair mais turistas para aquele concelho raiano.
Para assinalar o 10.º aniversário da classificação de Elvas como Património Mundial vai decorrer na quinta-feira um concerto com os artistas Tim e Rita Guerra, com apresentação de Bárbara Guimarães, a partir das 22:00, na Praça da República.
O espetáculo conta ainda com a presença e atuação da Orquestra Ibérica, Vocal Shack International Voices Ensemble e um espetáculo de pirotecnia sincronizada e efeitos visuais.
C/lusa