Com 90 anos de idade, celebrados a 28 de maço, dia em que também foi lançado um romance biográfico sobre a sua vida, da autoria do escritor alentejano José Luís Peixoto, o Comendador Rui Nabeiro admite que o trabalho é o seu único entretenimento, numa vida onde começou do zero e onde “sonhei e realizei”.
Em entrevista à Revista Sábado, Rui Nabeiro fala sobre a sua vida, cheia, passando pelos altos e baixos de uma carreira em que o sucesso se impôs. E que se sustenta no sorriso: “Quando a vida se encontra com um sorriso, não há dúvida nenhuma que tudo se torna maravilhoso. É isso que falta aos portugueses: saber sorrir.”
Conforme escreve a Sábado, Rui Nabeiro foi moço de recados e acabou na lista dos mais ricos de Portugal. Fez fortuna com o contrabando e esteve exilado por dívidas ao fisco. Multiplicou empresas e andou pela política e pelo futebol – o sacrossanto tridente dos homens de poder.
Rui Nabeiro é o único dos multimilionários portugueses que começou verdadeiramente do zero. A partir de Campo Maior, a pequena vila alentejana onde nasceu há 90 anos, erigiu um império, o Delta Cafés, que é hoje cobiçado pelos grandes tubarões internacionais do setor, como a Nestlé ou a PepsiCo. Nunca o quis vender porque, como disse à SÁBADO, ficaria sem o seu único entretenimento: trabalhar.
Leva uma vida frugal: não consegue gastar a semanada de 200 euros que destina a si próprio, mas construiu habitações para os seus trabalhadores e leva-os a viajar. Durante a pandemia, pagou os mais de 3.500 ordenados que dele dependem, sem recorrer ao lay-off, transformou um restaurante de luxo em cantina social e reconverteu uma fábrica de toldos publicitários em unidade de produção de equipamentos de proteção social que distribuiu gratuitamente pelos hospitais, bombeiros e lares de terceira idade do país.