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Sexta-feira, Novembro 22, 2024

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Concertos no Paço Ducal de Vila Viçosa mantêm tradição da Casa de Bragança através “daquilo que é próprio dos deuses, que é a harmonia” (c/som e fotos)

A Capela do Paço Ducal de Vila Viçosa foi mais vez palco de um concerto de música, no passado dia 28 de setembro, desta vez dedicado à “música em Portugal na segunda metade do século XIX”. Um tema trazido pelas mãos do pianista João Paulo Santos, acompanhado pela soprano Sónia Alcobaça, que brindaram a plateia que preencheu por completo o espaço, com temas que remontam à génese da primeira escola de música cantada em português, através das composições de Alfredo Keil a José da Motta, passando por Augusto Machado ou Francisco Santos Pinto. Muitos deles com adaptações de obras da literatura portuguesa, de Almeida Garrett ou até Guerra Junqueiro.

“Estou muito satisfeito, por termos escolhido este reportório para ser hoje apresentado a este público que nos dá a honra e o prazer de vir mensalmente participar nestas manifestações culturais de divulgação de música”, que “era uma tradição da Casa de Bragança” e que “temos procurado manter”

O Presidente da Fundação da Casa de Bragança, Alberto Ramalheira, presente neste concerto, revelou que o espetáculo o surpreendeu “no sentido de divulgar músicas, do séc. XIX, com letra portuguesa”, o que “foi para mim uma revelação, porque não conhecia os ensaios que tinham sido feitos, já no séc. XIX, de adaptar à Ópera letras de poetas portugueses”.

Nesse sentido afirma estar “muito satisfeito, por termos escolhido este reportório para ser hoje apresentado a este público que nos dá a honra e o prazer de vir mensalmente participar nestas manifestações culturais de divulgação de música”, que “era uma tradição da Casa de Bragança” e que “temos procurado manter”.

Uma tradição essa que se preserva “divulgando obras, umas que são estrangeiras, outras que são portuguesas, referenciadas em determinados tempos históricos e que permitem fazer com que também as pessoas de Vila Viçosa e aqui dos arredores possam saborear o prazer da música”, que o Presidente da Fundação da Casa de Bragança considera “uma característica daquilo que é próprio dos deuses, que é a harmonia”.

Sobre a revelação de que a primeira escola de música cantada em português terá sido intentada por um dos compositores tocados nesta noite, o italiano Giuseppe Salvini, conforme o relato do pianista João Paulo Santos, Alberto Ramalheira confessa que “esse aspeto é muito interessante”, pelo que “nós temos que valorizar aquilo que é nosso e encontrar também em áreas da Cultura, como é a música, expressões da cultura portuguesa”. O que “é também uma das nossas preocupações e um dos nossos objetivos”.

À Campanário, a diretora do Museu-Biblioteca da Fundação da Casa de Bragança, Maria de Jesus Monge, contextualiza a escolha do tema do passado dia 28 de setembro afirmando que “veio coroar justamente uma série de programas que temos feito”, onde “temos procurado dar a conhecer música que temos no arquivo, mas também a música que era ouvida pelos membros da família que viveram neste Paço”.

“Estamos hoje, de alguma forma, a regressar um bocadinho ao passado, através inclusive do mesmo piano que era utilizado na casa real”

 

 

Por outro lado, “quando publicámos o livro sobre a música da rainha D. Amélia trouxemos grande surpresa para esta área, porque não havia esta perceção de ser tão intensa a vida musical”, que ao mesmo tempo “apostava nos novos estilos e nas novas formas de fazer música”. Pelo que, “nós estamos hoje, de alguma forma, a regressar um bocadinho ao passado, através inclusive do mesmo piano que era utilizado na casa real”. Algo que “nos permite ter a certeza que o som era idêntico” ao daqueles dias, sublinha Maria de Jesus Monge.

Até porque o repertório deste concerto, trazido por João Paulo Santos, corresponde precisamente à “música que se ouvia nos salões” e que “se fazia até em casa, como algumas das músicas aqui ouvimos hoje”.

Também inserido na temática, “não podemos esquecer que o séc. XIX é o século dos nacionalismos, das línguas nacionais, que Portugal vive, no momento do centenário de Camões, um grande ressurgir da vontade de criar uma “alma portuguesa”, e obviamente que a música sempre foi um aspeto muitíssimo importante dessa criação cultural”.

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