O Povoado da Barroca, com cerca de 7 mil anos, é considerado um dos povoados mais antigos do Alentejo.
Em 2006 e 2007 realizaram-se trabalhos arqueológicos onde foram encontrados pequenos fragmentos líticos e cerâmicas que permitiram perceber que este povoado se trata de um povoado de Transição. Ou seja, apesar de já apresentar artefactos destinados às práticas agrícolas ainda mantinha alguns instrumentos produzidos com técnicas antigas do Mesolítico (período de transição entre o Paleolítico e Neolítico).
Situado perto da vila de Mora e perpendicular ao curso da Ribeira do Raia este povoado estende-se por uma área de cerca de 20 hectares.
O povoado da Barroca situa-se nas proximidades da vila de Mora e foi identificado por L. Rocha e M. Calado em 2005, no decorrer dos trabalhos de prospecção arqueológica na área envolvente ao recinto megalítico das Fontaínhas.
O povoado que aparentemente se estende por uma área de cerca 20 ha (atendendo aos vestígios existentes à superfície), numa lomba suave, perpendicular ao SCIENTIA ANTIQUITATIS. Nº 1. 2017 86 curso da Ribeira do Raia e orientada mais ou menos N-S.
Os solos são arenosos e encontram-se actualmente a servir de aparcamento de gado vacum. Os materiais de superfície, recolhidos em 2005, resumiam-se a alguns bordos simples e a um fragmento de cerâmica decorada com caneluras, para além de algumas lascas de sílex, percutores e um dormente de mó manual. O sítio apresentava uma fraca visibilidade dos solos, devido ao pasto. A fim de avaliar o potencial arqueológico do sítio e obter uma caracterização cronológica e cultural dos vestígios identificados à superfície, foram realizados trabalhos de escavação nos anos de 2006 e 2007, dirigidos por L. Rocha e M. Calado (Rocha, 2009b; Calado, 2012a, 2012b).
Em relação ao espólio recolhido na Barroca 1, como se referiu anteriormente, existem apenas dois grandes tipos: pedra lascada e cerâmica. Esta indústria de pedra lascada integra-se, aparentemente, nas tradições mesolíticas, destacando-se a presença de geométricos de pequenas dimensões, sobretudo de crescentes, mas também com triângulos estreitos e trapézios assimétricos, de truncaturas.
Em termos numéricos realça-se a relativa superioridade dos crescentes face aos triângulos e aos trapézios . Os trapézios são muito semelhantes, em termos de dimensões, aos que se obtiveram na escavação do recinto das Fontaínhas, apesar de serem tipologicamente distintos. Dentro deste grupo são claramente maioritários os restos de talhe e as lascas, o que parece sugerir o talhe local, mas com descorticagem dos volumes noutros locais, atendendo à quase total ausência de lascas corticais.
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