Dois meses após ter sido detetado um surto de Covid-19 no Lar da Misericórdia de Alcáçovas, que tirou a vida a 34 utentes, o provedor da instituição frisa que a próxima fase é dar apoio psicológico aos utentes e funcionários, porque o “pior já passou.”
Recorde-se que foi em meados de dezembro de 2020 que eclodiu o surto na Misericórdia de Alcáçovas, tendo infetado 98 dos 108 utentes que a instituição possuía na altura. 40 dos 97 funcionários foram também infetados com o novo coronavírus. Até ao momento estão registados 34 óbitos entre os utentes infetados e três entre os residentes que já tinham recuperado da doença.
Em declarações à Lusa, o Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Alcáçovas, João Penetra, salienta que, “felizmente, o pior já passou, mas ainda não estamos livres deste ‘pesadelo’ que nos caiu em cima”, sendo que foram detetados mais casos positivos na semana passada.
O provedor, preocupado com a saúde mental dos utentes, definiu como o próximo passo, ajudá-los ajudá-los a “superar este trauma”. “Temos um acordo com a Associação Terra Mãe e já pedimos à Segurança Social para que nos possa arranjar psicólogos”, indica, salientando que agora a “atenção vai também estar virada para o apoio psicológico das pessoas”.
A nível financeiro, este surto de Covid-19 também se abateu sobre as economias da instituição, pois os gastos com a contratação de recursos humanos, aumento do tratamento de lixo biológico e aquisição de equipamentos de proteção individual, traduziram-se em “despesas enormíssimas.”
De acordo com João Penetra, a instituição está a “faturar a menos, por mês, cerca de 40 mil euros”, devido aos lugares por ocupar, e pagou pela “contratação de recursos humanos quase 100 mil euros”.
Atualmente, apenas restam dois utentes infetados com o vírus que provoca a doença, mas “não está ninguém hospitalizado”, assim como cinco funcionários, estando já recuperados da doença 62 residentes e 37 funcionários.
Na comunidade da vila das Alcáçovas, o surto na instituição também fez abalar a população. Segundo conta à Lusa Edmundo Carvalho Boleto, de 88 anos, um dos poucos moradores da vila, “foi tão de repente e tanta gente ao mesmo tempo. Não estávamos à espera e pensávamos que estávamos protegidos”, uma vez que “nada acontece aqui”, realça. O pior quando agora morre um familiar “é a despedida”, sem velório, e a falta dos abraços no funeral.