Em entrevista exclusiva à Rádio Campanário, a filha de um homem infetado com COVID-19, da freguesia de Ciladas, Vila Viçosa, relata em primeira mão toda a situação.
A mulher relata que o seu pai começou a sentir-se um pouco desorientado na quinta-feira, dia 23 de abril: “tinha bocados que falava bem, mas depois desorientava-se e a conversa deixava de ter nexo. E então levei-o ao Hospital de Elvas no dia a seguir (sexta-feira, dia 24), até porque o meu pai é acompanhado por uma neurologista e ela aconselhou para irmos à unidade hospitalar mais próxima para fazer um TAC urgentemente, porque, dado o seu historial, o meu pai poderia estar a ter um AVC”. A filha frisa que a neurologista do seu pai “mandou mensagem para mim, para passar essa informação ao médico que nos atendesse, mas o médico não quis ver a SMS e disse que não achava que fosse preciso fazer um TAC, porque os sintomas que o meu pai tinha não era para isso, o que estava ali era uma pequena demência e isso não era justificativo. Eu insisti, mas em vão. O que o médico fez foram unas análises, porque o meu pai tinha a urina um pouco escura, e elas acusaram uma ligeira alteração. Depois fez raio-x e eletrocardiograma”.
Devido às novas medidas decretadas por causa da COVID-19, o senhor teve de esperar sozinho, o que levou a ter uma recaída: “queria-se ir embora, porque estava sozinho, não queria estar no Hospital e não queria saber dos resultados. Tive de chatear-me com o médico, porque aquilo podia ter sido tudo evitado, e o meu pai acabou mesmo por fazer um TAC”.
Foi nessa altura que “o meu pai teve um pico de febre, mas o médico, que já era outro depois me ter chateado com o anterior, alegou que esse pico foi relativo ao facto de estar agitado e de estar ali há muito tempo à espera, porque nós demos entrada às duas da tarde e saímos de lá por volta das onze da noite. Mas que, caso voltasse a ter outro pico de febre ou outros sintomas, para voltar ao hospital”.
Só que no sábado, dia 25, o senhor voltou a ter febre e regressaram ao Hospital de Elvas. “Fomos recebidos por uma médica, e ela achou melhor o meu pai ficar internado para saber de onde vinha o foco da febre. Os sintomas que tinha era febre e desorientação”.
A mulher narra que no domingo de manhã o seu pai realizou o teste de despistagem à COVID-19 “porque tinha de ir a Portalegre fazer uma ressonância e, devido à pandemia, tinha de ser realizado ao teste de despiate antes de ir para qualquer lado, e que demoraria 24 horas a saber o resultado. Na segunda-feira (dia 27) de manhã, eu e a minha irmã fomos ter com o médico que o estava a seguir, que nos informou que o resultado tinha sido negativo e que o meu pai ia realizar exames outros para saber a origem da febre”.
No entanto, no mesmo dia à noite, “por volta das 22h00, recebi um telefonema do Delegado de Saúde de Vila Viçosa a dizer que o teste à COVID-19 do meu pai tinha dado positivo. E eu disse que havia algum engano, explicando a situação, e ele disse que o resultado tinha chegado às 19h00 e que era positivo. Fiquei baralhada, porque de manhã dizem que tinha dado negativo e agora era positivo. Mas sim, o teste do meu pai testou positivo à COVID-19”.
Esta terça-feira, dia 28, toda a família que esteve em contacto com o homem já realizou o teste em Estremoz e estão em quarentena, estando a situação a ser acompanhada pelas autoridades de saúde. A filha desconhece onde o pai possa ter contraído o vírus.
O senhor continua no Hospital de Elvas, e dado o resultado positivo à COVID-19, não chegou a ir a Portalegre realizar os exames. Quanto ao seu estado de saúde, a filha diz que “o meu pai já fez um segundo teste e em princípio amanhã (dia 29) iremos saber o resultado. O médico falou com a minha irmã e disse que o meu pai está estável mas, na sua opinião, poderá ter uma pequena pneumonia. Vamos ver qual será o resultado do segundo teste à COVID-19 e vamos ter fé e esperar que corra tudo bem”.
A RC contactou o Hospital de Elvas, mas não foi possível obter qualquer informação.