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Covid-19: População de Alcáçovas “abalada” pelo surto na Misericórdia que fez mais de 30 mortos

Foto: Nuno Veiga | Lusa

O surto de Covid-19 que eclodiu em meados de dezembro na Santa Casa da Misericórdia de Alcáçovas, e provocou a morte a mais de 30 utentes, “abalou” a reduzida população da vila do concelho de Viana do Alentejo.

Edmundo Carvalho Boleto, de 88 anos conta à Lusa que, “isto tem estado mau. Tem morrido muita gente. O nosso lar levou ali uma cresta [sova]. Foram 37 os residentes que faleceram e a comunidade não poderia ficar indiferente a isso.

A vila alentejana com cerca de dois mil habitantes, que não costuma ter muito movimento, nos últimos meses tem sofrido uma agitação atípica de roda do Lar da Misericórdia.

Como a RC noticiou, o Provedor da Misericórdia de Alcáçovas, João Penetra, informou que, “felizmente, o pior já passou, mas ainda não estamos livres deste ‘pesadelo’ que nos caiu em cima”, sendo que foram detetados mais casos positivos na semana passada.

A pacatez da vida nesta vila, abalou a sua população, pois como conta Fifi Ilhéu à Lusa, “foi tão de repente e tanta gente ao mesmo tempo. Não estávamos à espera e pensávamos que estávamos protegidos”, uma vez que “nada acontece aqui”, realça. O pior quando agora morre um familiar “é a despedida”, sem velório, e a falta dos abraços no funeral.

Os testemunhos da população não deixam sombra de dúvida o impacto que um surto desta dimensão pode ter, não só para a população, mas também para os sobreviventes.

O provedor da instituição, preocupado com a saúde mental dos utentes, definiu como o próximo passo, ajudá-los a “superar este trauma”. “Temos um acordo com a Associação Terra Mãe e já pedimos à Segurança Social para que nos possa arranjar psicólogos”, indica, salientando que agora a “atenção vai também estar virada para o apoio psicológico das pessoas”.

O provedor acrescenta que o surto teve um grande impacto na vila, porque utentes, funcionários e população “são pessoas que se conhecem”, mas “toca” também localidades próximas, de onde são oriundos alguns dos residentes, avança a Lusa.

“Na vila, obviamente, afeta, porque é normalmente um assunto de conversa e de interesse”, refere, recordando que a instituição viveu períodos “muito cansativos” e chegou a registar “cinco mortos num dia”.

Também, Manuel Calado, presidente da Junta de Freguesia de Alcáçovas, partilha a mesma opinião e diz que todos se conhecem e, quando morre alguém, “mexe sempre”. E as pessoas da vila olham para essa morte como se fosse “quase um familiar”. “De perto, vive-se isso com mais intensidade”, conclui.

Desde o início do surto que já foram infetados 98 utentes e 40 funcionários. Os falecimentos são aqueles que marcaram a vila de Alcáçovas.

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