A pandemia chegou de forma calma e ligeira ao Alentejo, tendo sido a região escolhida por muitos como local de refúgio durante os primeiros meses da covid-19. Enquanto as grandes cidades ficavam vazias, as pequenas aldeias e vilas alentejanas iam-se enchendo. Primeiro, durante o confinamento de março e abril, muitos foram os que escolheram na altura a tranquilidade do Alentejo para aqui se instalarem com a família, continuando ligados aos seus empregos através do teletrabalho. Depois, com a chegada de verão e do período de férias, os hotéis e os turismos rurais foram-se igualmente enchendo, mas agora de turistas, sobretudo portugueses, em busca da paz e tranquilidade que as outras ofertas turísticas não pareciam garantir, tento mesmo crescido o turismo interno em relação aos anos anteriores.
Por essa altura, no Alentejo os números do eram extremamente baixos, sobretudo se comparados com outras regiões do país. Até final de setembro, o Alentejo registava 1500 casos e 23 mortes. Desde então, a situação transformou-se radicalmente. Nesta altura o número de casos está à beira de atingir os 27 mil casos e as 800 mortes, com 35 concelhos a integrarem a lista dos concelhos com risco extremo de infeção. Para esta mudança, muito terão contribuído os surtos nos lares de idosos, onde se registam as situações mais preocupantes.
Se na comunidade existe grande dispersão geográfica, o mesmo já não se verifica nos lares. Dos cerca de 50 surtos ativos existentes nesta altura na região alentejana, 40 são em lares. Em declarações à Sic Notícias, José Robalo, Presidente da Administração Regional de Saúde (ARS) do Alentejo reconhece a grande preocupação que continuam a ser os lares de idosos “onde estão as pessoas mais suscetíveis e onde o vírus tem um impacto muito mais negativo, nomeadamente ao nível da mortalidade onde a taxa é superior a 8%, bem superior à mortalidade geral que é de 2,8%”.
A esperança em controlar a propagação do vírus nos lares, e assim voltar a reverter a situação, está agora centrada na vacinação, que nesta altura já terminou ou está na sua fase final na esmagadora maioria dos lares alentejanos.