Os produtores de milho alertaram hoje que o aumento dos custos energéticos e dos fertilizantes atingiram o seu “pico”, sendo nesta altura uma “incerteza” os preços que podem vir a ser praticados na venda da produção.
“Os produtores de milho estão nesta altura com uma expectativa muito grande face aquilo que poderão ser os preços”, disse o presidente da Associação Nacional dos Produtores de Milho e Sorgo (Anpromis), Jorge Neves, em declarações à agência Lusa.
O responsável considera que os empresários agrícolas que decidem nesta altura produzir milho e, depois, efetuar as colheitas a partir de setembro, estão a tomar uma decisão num enquadramento “algo difícil”, uma vez que “têm a certeza” de que os custos dos fatores de produção “estão no seu pico”.
Jorge Neves explicou que os custos energéticos e dos fertilizantes estão a “impactar a sério” as instalações, existindo desta forma uma “incerteza muitíssimo grande” quanto aos preços de venda da produção.
Para fazer face a este problema da crise energética, agravado pela seca e pela guerra na Ucrânia, a Anpromis, já solicitou ao Governo para que avance com medidas intercalares de apoio, utilizando mecanismos que estão à disposição de Portugal.
De acordo com a Anpromis, estas medidas serviriam para “minimizar” o risco, que é nesta altura “enormíssimo”, entre aquilo que é a “certeza do custo da instalação” da cultura e a “incerteza total” quanto a preços no futuro.
“A eletricidade em alguns casos quase quadruplicou, os custos de fertilizantes duplicaram, a conta de cultura quase duplicou e não temos absolutamente certeza nenhuma que os preços finais estejam consistentes com esta situação, o mais certo é não estarem”, alertou Jorge Neves.
Os produtores de milho já tinham alertado em março, no decorrer do XIII Congresso Nacional do Milho, em Santarém, em relação às incertezas que o setor enfrenta com a escalada dos preços das matérias-primas, agravada com a guerra na Ucrânia.
“Temos que perceber que o mundo em que vivemos em que tudo era um dado adquirido mudou. A partir do momento em que vivemos na Europa com uma situação de guerra às nossas portas, não podemos pensar que tudo é adquirido e que continuamos a viver numa sociedade de bem-estar e em que conseguimos ter o melhor dos mundos – produtos de qualidade, com segurança alimentar total e preços baixos”, afirmou na altura à Lusa, Jorge Neves.
O presidente da Anpromis disse ainda que é necessário que a União Europeia revalorize “o papel dos agricultores, no sentido de tornar a Europa menos dependente de países e economias instáveis”.
Fonte: LUSA