A Rádio Campanário esteve à conversa, esta quarta-feira, 21 de abril, com uma testemunha de Beja, que se viu obrigada a reinventar o seu negócio devido à situação provocada pela pandemia COVID-19.
Rosa Perpétua, também tratada por Rosinha, é uma artesã que, de momento, faz peças como brincos, colares, pulseiras, ‘’faço peças únicas, não existem em parte nenhuma do mundo’’, afirma. Tem formações de joalharia, aprendeu muito com o seu mestre de Lisboa.
Os seus pais são do Alentejo e têm uma casa na Salvada, concelho de Beja, onde a Rosa passava as férias enquanto criança e adolescente.
Rosa vivia em Lisboa. Vendia muito bem, porque vivia no turismo. Vendia no Lisboa Market, ´´um dos mercados mais conhecidos em Lisboa, em Alcântara, e em vários mercados do mercado’’, realça. No dia 13 de março, devido à situação pandémica, teve que deixar de fazer artesanato, ‘’tive que deixar de trabalhar e fiquei com rendimento 0’’.
‘’Fui sete vezes à Segurança Social, não obtive nenhuma única resposta’’. A Rosa relatou as consequências que sofreu: ‘’Tive 15 dias em depressão, deixei de andar, o meu filho tinha que me levar pela mão à casa de banho, porque eu ia como se estivesse embriagada, não conseguia. Tinha que me dar comida à boca. As calças que eu tinha vestido caíam’’.
Após 15 dias, Rosa decidiu abrir página no Facebook e no Instagram. Para conseguir vender, gasta mais de 1000€ em publicidade.
‘’Tenho uma procura muito grande, estou a trabalhar de dia e de noite’’, diz a artesã. Os 1000€ que investe na promoção dos seus artigos nas redes sociais ‘’compensam largamente, mas não conseguiria continuar a viver em Lisboa’’, relata.
Quanto à reinvenção do negócio, Rosa diz que, de facto, compensa-lhe, ‘’tenho lucro, ou seja, paga as despesas do negócio e ainda me paga a alimentação e mais do que isso, só que não conseguiria ter o nível de vida que tinha’’, conta.
Rosa, quando trabalhava em Lisboa ‘’estava a pagar 1100 euros de renda, portanto não estava na situação que estou neste momento’’. Nesse sentido, viu-se obrigada a sair de Lisboa, ‘’vim viver para uma casa onde não pago renda’, numa casa que os pais compraram há 60 anos, ‘’uma casa pequena, uma casa de aldeia’’, explica.
‘’Decidi sair da minha zona de conforto e deslocar-me para o interior do país para conseguir sobreviver’’, conta a Rosa. Devido à situação atual que todos estamos a viver, provocada pela pandemia, a artesã teve que se reinventar, e adaptar-se às circunstâncias.