Em Odemira, a recente onda de imigração lança o desafio para integrar os novos residentes. A dificuldade de comunicação é o principal obstáculo tanto para quem chega quanto para quem acolhe.
Durante uma manhã característica, a azáfama nas rua das Finanças, uns, a aproveitar um intervalo dos trabalhos agrícolas, outros ocupam-se com assuntos de papelada, ao passo que outros partilham frustrações sobre a falta de trabalho.
Amit, um imigrante da Índia que se estabeleceu em Odemira há quatro anos, expressou à SIC Notícias o seu alívio por, após 10 meses de espera, ter finalmente conseguido o visto de residência, revelando o seu anseio de reunir a família em Portugal. Kulvir, que chegou em 2022 para trabalhar numa estufa, também identificou a língua como uma barreira.
A vice-presidente da TAIPA, organização que opera o Centro Local de Apoio à Integração de Migrantes (CLAIM) de Odemira, salientou a necessidade de desfazer os preconceitos ligados aos imigrantes. Desde o seu início em 2014, o CLAIM prestou assistência em mais de 16 mil casos, evidenciando o seu papel crucial na quebra da barreira idiomática e na promoção da integração escolar das crianças.
Em localidades como S. Teotónio e Vila Nova de Milfontes, os imigrantes já constituem metade da população residente, com muitos dos jovens locais a declararem a sua intenção de sair. Por outro lado, tentativas do Governo para restringir a proliferação de estufas no sudoeste alentejano não atingiram o sucesso esperado, continuando a região a atrair mão-de-obra imigrante. Com Odemira a registar o maior número de desempregados do distrito de Beja, esta área mantém-se como um polo de atração para a imigração, a despeito dos desafios socioeconómicos existentes.
Este cenário sublinha a urgência de desenvolver estratégias de integração mais eficazes e abrangentes, que fomentem a compreensão e o respeito mútuos entre as comunidades imigrante e autóctone, assegurando uma coesão social sustentável na costa alentejana.
Foto: Visão