A Federação Portuguesa de Dadores apela aos portugueses para darem sangue numa altura em que a retoma de cirurgias fez baixar as reservas para mínimos de quatro a sete dias para os tipos sanguíneos O+ e A+.
De acordo com a notícia avançada pelo Jornal Expresso, o presidente da Federação Portuguesa de Dadores Benévolos de Sangue (Fepodabes) apela aos portugueses para darem sangue, ajudando assim a salvar vidas. Alberto Matos refere que a retoma das cirurgias e das atividades hospitalares não covid-19 elevou o consumo de sangue e fez diminuir as reservas nacionais, ao ponto de dois tipos, O+ e A+, o mais recorrente entre os portugueses, terem chegado “a níveis críticos, com stocks de apenas quatro a sete dias, enquanto os restantes tipos mantêm autonomia entre sete a 10 dias”.
Apesar de garantir que, para já e de acordo com o Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST), os bancos de sangue não estão em rutura, o líder da Fepodabes diz que é preciso prevenir eventuais carências, numa época do ano em que, habitualmente, se registam menos colheitas devido à gripe sazonal. “Este ano, devido à pandemia, antecipamos que o universo de dadores pode diminuir ainda mais, cenário que já se registou em setembro e que ficou 5% abaixo em relação ao mês homólogo de 2019”, adianta.
Na presidência da Fepodabes há sete anos, Alberto Matos garante ao Expresso que, desde o início da pandemia, nenhuma cirurgia deixou de se realizar ou um paciente por tratar devido a falta de sangue, como não tem memória que tal tenha ocorrido anteriormente. “Os portugueses são solidários, mas para evitar que os bancos de sangue esgotem apelamos mais uma vez à dádiva por parte de pessoas saudáveis, principalmente os dadores ativos entre os 24 e os 45 anos”, pede, referindo que nesta faixa etária a pressão profissional e familiar afasta alguns dadores habituais quando eram estudantes.
O responsável pelo organismo que reúne 30 associações de dadores do norte a sul do país salienta ser essencial não descurar ”este dever que é de todos”, garantindo que não razões para os dadores temerem idas às unidades de saúde ou outras instituições de colheita de sangue devido à pandemia. “Todos os espaços com bancos de sangue cumprem todas as normas sanitárias da DGS, com profissionais de saúde devidamente equipados, instalações limpas e áreas diferenciadas das de atendimento de doentes covid”, assegura.
Para doar sangue, a Fepodabes explica em comunicado que na colheita consiste na recolha de cerca de 450 mililitros de sangue e não demora mais de 30 minutos. A idade para ser dador é 18 anos, ter no mínimo 50 quilos e ser saudável. Antes da dádiva, a Fepodabes recomenda que se deve tomar o pequeno-almoço, caso o processo seja realizado de manhã, ou esperar três horas se for após o almoço.
O dador deve ainda hidratar-se com líquidos como a água ou o chá no dia anterior e no próprio dia e grandes períodos de exposição solar devem ser evitados. Já depois do procedimento, o dador deve continuar a hidratar-se e deve evitar grandes períodos de exposição solar e exercício físico “A pandemia não deve ser motivo de medo. Estamos preparados para receber todos os que nos queiram ajudar, adotando todos os cuidados necessários”, refere ainda o presidente da Fepodabes.
No início deste mês, a Fepodabes lançou um vídeo de sensibilização dedicado aos mais jovens, sob o mote “Vamos Ser Heróis! Dê Sangue”. O objetivo passa por diminuir a média de idades dos dadores, alertando que a covid-19 provocou algumas baixas entre dadores, que mesmo após terem testado negativo ficam inibidos de doar sangue no mínimo durante 28 dias. “Ou seja, entre o início da infeção, o período de confinamento e o pós-teste negativo, os dadores que tiveram covid-19 ficam sem poder doar sangue durante mais de dois meses”, explica Alberto Matos.