O Prémio Internacional de Arquitectura FAD 2022, um dos mais prestigiados prémios europeus, foi atribuído a Pedro Matos Gameiro e Pedro Domingos, na categoria de Cidade e Paisagem pelo projecto da Biblioteca e Arquivo do Município de Grândola, numa cerimónia que decorreu dia 14 de junho, no edifício Disseny Hub Barcelona.
De acordo com a informação avançada pela Universidade de Évora na sua página oficial, o Arquitecto Pedro Gameiro é Professor do Departamento de Arquitectura da Escola de Artes, da Universidade de Évora, por sua vez, o Arquitecto Pedro Domingos, já lecionou no mesmo Departamento da UÉ onde continua a desenvolver colaborações científicas. O mesmo Departamento já saudou este resultado congratulando os laureados “pela excelência do trabalho” realizado com distinção partilhada com o atelier unparelld’arquitectes neste prémio internacional.
Atribuído desde 1958, o Prémio FAD Arquitectura culmina anualmente numa cerimónia de entrega de prémios, um ponto de encontro onde os arquitetos mais consagrados de Espanha e de Portugal convivem com os novos talentos e onde os estudantes de arquitetura que participam nos Prémios Habitàcola interagem com os arquitectos de referência.
Numa descrição enviada pela equipe de projeto disponível no portal do Município de Grândola, refere que acede-se ao edifício da Biblioteca e Arquivo Municipal de Grândola “por entre o conjunto de palmeiras que estruturam a renovada Praça da República, agora expurgada de todos os elementos ruidosos e conflitantes, que aqui foram removidos na busca de uma ordem mais pacificada. É esta praça o lugar central da cidade e o epicentro de ligação entre o Jardim Municipal, a sudoeste, e o Jardim das Laranjeiras, a nascente”.
Este novo edifício “forma parte da praça e – pela sua escala e programa – constitui-se como um elemento de referência colocado em contraponto ao contínuo urbano. Interessa-nos, nesse sentido, tornar clara, sólida e identificável a natureza do edifício e incluir o equipamento na malha de percursos, promovendo a continuidade entre o adro que a praça desenha e os espaços interiores que lhe sucedem” aludem os autores desta obra. Por sua vez, a entrada dá-se por intermédio de um claustro, “que se estabelece como a sala principal do conjunto e que constrói a pausa que antecede a função, o momento em que o movimento amaina e o ruído é substituído pelo delicado som da água corrente que, na fonte, assinala a chegada”.
As galerias aqui existentes encontram-se dispostas em redor do páteo central de acolhimento e “geram percursos que promovem uma gradual adequação de escala, suscitando a protecção e a sombra, pautando o percurso que circunda o terreiro de saibro e o jacarandá que aí se acha plantado” continuam a descrever os autores desta obra ao realçar que, “pela sua natureza e escala, este espaço geometricamente firmado no conjunto urbano, determina o lugar de fundação e proporciona a ocorrência dos mais diversificados eventos, complementando e alargando o âmbito de acção do programa de referência, que aqui gravita em torno deste grande recinto aberto ao céu – em baixo o espaço de recepção, as áreas comuns para exposições e apresentações e a sala de leitura de crianças; em cima as áreas do arquivo e a sala de leitura de adultos, que abre para uma varanda sobranceira à praça para onde devolve o olhar antes experimentado”.
Assim, “o conjunto, na sua abstracta forma de paredes grossas e meridional brancura, procura guardar o mistério e construir percursos de descoberta, à semelhança dos livros que encerra” descrevem sobre este espaço, um recurso educativo que assume uma multiplicidade de funções e uma utilização diversificada dos seus espaços e recursos existentes (livros, jornais, revistas, documentos audiovisuais e multimédia).
Refira-se que o edifício da biblioteca e arquivo alentejano integra a Rede Nacional de Bibliotecas de Grândola e é descrito pelos arquitectos portugueses (Pedro Matos e Pedro Domingos) como parte de uma prática de resistência.