O alerta é dado quase em uníssono por avó, mãe e neta, perante a crescente dificuldade em reunir braços disponíveis para trabalhar em Tapetes de Arraiolos. As três gerações representam a Arte em Casa, que a avó Rosalina Canelas fundou há mais de 40 anos, quando juntou 250 mulheres que diariamente trabalhavam esta arte. Hoje tem apenas 35. E a muito custo.
“Isto dantes tinha outra dimensão, mexia muito mais. Hoje é mais difícil. falta gente para trabalhar”, lamenta Rosalina, enquanto a filha, Paula Ramalho alerta que para juntar as atuais 35 bordadeiras que trabalham para a loja é preciso recorrer a a colaboradoras já de idades avançadas.
“Temos mulheres com mais de 90 anos e muitas com mais de 80, acredita nisto?”, questiona Paula Ramalho, que até percebe como é difícil encontrar quem queira fazer tapetes, em face aos baixos salários que é possível pagar.
É, sobretudo, por aqui que avó até duvida do que a neta Catarina conta à reportagem da Rádio Campanário, quando admite vir a pegar no negócio da família lá mais para a frente. Hoje tem 20 anos e começou aos 13 a aprender a fazer o célebre ponto de Arraiolos na loja da avó. “Ainda chamei umas amigas e até vendemos umas pulseiras com o ponto de Arraiolos. Hoje continuo a gostar e cá estou a ajudar”.
O futuro dirá se Catarina vai dar continuidade ao legado familiar, mas a presidente da Câmara, Sílvia Pinto, reconhece que é preciso criar condições para que a tradição não perca mais dinâmica.