Em entrevista à Rádio Campanário, José Pedro Salema, presidente do Conselho de Administração da EDIA – Empresa de Desenvolvimento e Infra-Estruturas do Alqueva, falou sobre as construções dos novos blocos de rega do Alqueva – Évora, Cuba/Odivelas e Viana do Alentejo, que estão atualmente em curso e se o impacto da situação de pandemia que o país atravessa devido à COVID-19 prejudicou o avanço das empreitadas. O dirigente referiu que tem recebido “respostas mistas” dos empreiteiros das obras.
“Tenho alguns empreiteiros que deram uma resposta muito positiva, que querem manter prazos e até antecipa-los e continuaram a trabalhar em plena velocidade, apesar de terem tido problemas logísticos graves: o alojamento de trabalhadores de outras zonas do país foi impossível, a alimentação nos restaurantes também foi impossível, porque fecharam portas e os trabalhadores acabarem por sofrer um bocado, porque neste tipo de empreitadas que movimenta pessoas de várias zonas do país ficam alojados em pensões e alimentam-se nos restaurantes. Por isso tiveram de tratar dessa logística de forma algo inovadora”, contou José Pedro Salema.
Por outro lado, “temos alguns empreiteiros que não conseguiram dar conta destas limitações e tiveram de suspender parcialmente as obras. No fundo, tivemos empreitadas que ficaram em serviços mínimos durante a pandemia e que estão agora a retomar em pleno a sua atividade”.
José Pedro Salema acredita que “na maior parte dos casos, que ainda estamos a largos meses do fim do prazo, temos possibilidade de recuperar”, mas vai depender muito “de como vier o Inverno, pois se for muito chuvoso não é nada bom para as obras e diminui muito os rendimentos. Se tivermos só chuvas a partir de dezembro, então conseguimos prolongar o verão, onde o rendimento é mais elevado. Por isso estamos muito dependentes do clima”.
Ainda assim, o presidente da EDIA afirmou que os empreiteiros “estão motivados e querem levar as obras a bom porto, porque se o conseguirem, é a forma de garantirem alguma rentabilidade, pois se as obras arrastam, os custos dos estaleiros e de mobilização de meios também sobem e diminui o rendimento financeiro e fica muito reduzido o lucro da obra”.
Os três blocos de rega do Alqueva, atualmente em construção, estão inseridos no projeto de expansão do Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva enquadrado pelo Plano Nacional de Regadios e envolvem mais de 10 mil hectares de regadio.
A construção do bloco de rega de Évora arrancou em janeiro e a área a beneficiar deste bloco é cerca de 3 mil hectares e está localizada nas freguesias de Horta das Figueiras, Nossa Senhora de Machede e Torre de Coelheiros, concelho de Évora.
O bloco de rega de Cuba-Odivelas desenvolve-se entre os concelhos de Cuba, Alvito e Ferreira do Alentejo e ocupa uma área perto dos 2.800 hectares. A tomada de água localiza-se no Canal Alvito-Pisão, entre o adutor da Vidigueira e a derivação para o reservatório Cuba-Oeste.
O bloco de rega de Viana do Alentejo encontra-se em construção desde o dia 8 de junho e vai beneficiar uma área com cerca de 4.600 hectares.