Rondão Almeida, presidente da Câmara Municipal de Elvas, apresentou, esta segunda-feira, a Estratégia Local de Habitação. Devolver a dignidade à habitação da população de etnia cigana do bairro das Pias é uma das prioridades, revelou na sessão que contou com a presença de Marina Gonçalves, secretária de Estado da Habitação.
O autarca fez questão de historiar o processo do bairro das Pias, hoje um “autêntico gueto”, reconheceu. Essa degradação, que ultrapassa o âmbito da habitação, “tem uma justificação”, lembrou.
Quando foi construído, na segunda metade da década de 1990, “estas casas pré-fabricadas, de madeira, tinham três instalações essenciais”, enumerou: “um posto da PSP; um centro com duas assistentes sociais e também um centro onde estavam dois professores”, para “acompanhamento das famílias” que viviam em barracas e foram ali realojadas.
O poder político acabou, porém, por travar esse plano. “O governo do engenheiro António Guterres, que criou todas essas condições, acabou e quem lhe sucedeu retirou [dali] a PSP, a Segurança Social e a Educação”, recordou: “Quando se retira esses três pilares, acabam por transformar o bairro das Pias naquilo que hoje é, um autêntico gueto.”
A CM Elvas pretende corrigir esse erro, garantiu Rondão Almeida: “Vamos deitar o bairro abaixo; vamos, evidentemente, reconstruir casas em alvenaria. A etnia cigana irá continuar a viver naquele local e não [irá] para outros, como muitos elvenses já por aí começaram a pensar.” “Será reconstruir o bairro e as pessoas continuarão a viver nesse bairro”, sublinhou, “convencido” de que o “Governo atual”, ali representado pela secretária de Estado da Habitação, vai “estar sensível” à necessidade de “dotar este bairro de equipamento social, de educação e de segurança”. “Com esses três elementos, estamos convencidos de que vamos recomeçar um processo que nunca devia ter acabado.”
