O presidente da Direção da UDIPSS-Évora, Tiago Abalroado, alertou hoje, em reportagem produzida pela TVI, para as consequências sobre os idosos provocadas pelo encerramento de mais de 70% dos Centros de Dia em Portugal, e que vão seguramente para além da solidão.
Esta realidade é muito mais preocupante no Alentejo, uma vez que os idosos recorriam maioritariamente aos centros de dia, que agora estão encerrados.Só no concelho de Portalegre existem 19 centros de dia e destes, apenas dois estão em funcionamento.
Apesar da autorização para a sua reabertura já existir, o facto dos centros de dia funcionarem com a valência de lar, faz com que grande parte deles continuem encerrados.
Tiago Abalroado adiantou ainda que “o centro de dia está reduzido ao apoio domiciliário básico e estes utentes não vêm rostos, não vêm ninguém, a não ser a pessoa que lhes vai fazer a higiene ou entregar a alimentação mas são visitas rápidas.”
Segundo o presidente da Direção da UDIPSS-Évora “entramos em cenários de degradação dos utentes e vemos que estão em situação de isolamento e a evidenciar algum desgaste emocial e psicológico, e que poderá vir a ter impacto grave na sua saúde mental.”
“Espera-se que do diálogo entre o Estado e as Entidades Representativas do Setor Social possa emergir uma solução que, não sendo o funcionamento nos moldes tradicionais, se possa consubstanciar numa resposta capaz de ir ao encontro das reais necessidades destes utentes que, estando casa, começam evidenciar preocupantes sinais de degradação,”-frisou.
Cerca de 70% dos centros de dia espalhados pelo nosso País estão alocados a outros espaços ou valências, o que torna impossível a sua reabertura nesta altura.
Recorde-se que, tal como a Rádio campanário tinha noticiado, Tiago Abalroado, presidente da União da Instituições Particulares de Solidariedade Social (UDIPSS) em entrevista ao Jornal PALAVRA, já tinha adiantado q
ue ”encaro com especial apreensão a viabilidade do seu cumprimento por parte da grande maioria das IPSS que promovem esta resposta social. Há que ter em conta que cerca de 70% dos Centros de Dia do nosso país se encontram acoplados a outras respostas, partilhando com estas infra-estruturas, espaços e outros recursos, sendo, por isso, muito difícil assegurar a sua completa separação.”À data, o presidente da UDIPSS, relativamente ao facto de não abrirem muitos Centros de Dia, o que deixa
um elevado número de idosos em casa,referiu ainda que, “este é, sem dúvida, o aspeto que nos causa maior inquietação. Na atual configuração social, os Centros de Dia são a porta de entrada para as Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas (Lares de Idosos), pelo que as pessoas quando dão entrada nesta resposta social já apresentam um conjunto de condicionantes físicas, psíquicas ou sociais que comprometem a sua plena autonomia; basta pensar que se estivessem em condições de permanecer sozinhas em casa iriam eventualmente requerer o Serviço de Apoio Domiciliário e não optariam por uma institucionalização, ainda que parcial. Ora, forçar os idosos, cuja rotina diária se encontra esquematizada de acordo com as dinâmicas do Centro de Dia, a ficar em casa, em cerca de 80% dos casos isolados, beneficiando apenas de um apoio pontual das instituições nas tarefas mais elementares (como alimentação e higiene), vai, no mínimo, impactar sobre a sua saúde mental e conduzir a cenários de solidão, depressão ou degradação.”