O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) alertou hoje para as “temperaturas elevadas” que enfrentam profissionais de dois serviços do hospital de Évora, por não poderem ligar o ar refrigerado devido à covid-19, e reclamou uma solução técnica.
O SEP enviou hoje um ofício ao Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE) no qual dá conta deste problema, após ter recebido queixas de enfermeiros de Medicina 1 e 2, serviços que funcionam no edifício do Patrocínio da unidade hospitalar.
Questionada pela agência Lusa, fonte do HESE disse que, no seguimento da receção do ofício, já está agendada uma reunião com o SEP, para quarta-feira de manhã, “com o intuito de clarificar a situação exposta”.
No documento enviado ao conselho de administração da unidade hospitalar, ao qual a Lusa teve acesso, o sindicato que representa os enfermeiros indica que, nos serviços de Medicina 1 e 2, que “têm internados doentes ‘covid-19’” existe um “sistema de ar refrigerado”.
Contudo, nesses serviços, “não é prudente” ligar esse mesmo sistema devido ao “risco de promover a contaminação disseminada do SARS-CoV-2”, pode ler-se.
O facto de os profissionais terem de utilizar Equipamento de Proteção Individual (EPI), devido à covid-19, “torna extremamente difícil e penoso a prestação de cuidados devido às elevadas temperaturas ambientais, podendo até colocar em risco a saúde dos enfermeiros”, argumenta o SEP.
Também os utentes “se queixam das elevadas temperaturas e, por estes estarem “num quadro de fragilidade, esta queixa não pode ser ignorada, pois, acarreta risco de agravamento da situação clínica”, alerta.
No ofício, o sindicato reivindica que, “com as elevadas temperaturas que têm estado” na região e que “vão continuar, é necessária uma solução” que permita que os enfermeiros possam “prestar cuidados com qualidade e segurança” e que os utentes sejam “tratados também com qualidade e segurança”.
Em declarações à agência Lusa, Celso Silva, dirigente do SEP, realçou que “os enfermeiros têm receio de ligar o sistema de ar refrigerado, já que há o risco de disseminação do vírus”, e “a consequência é trabalharem com temperaturas elevadas”, o que “é insuportável, nesta altura do ano”.
Segundo o sindicalista, o HESSE deve “encontrar alguma solução técnica, como a implementação de algum filtro ou de outra coisa, que permita ligar o ar refrigerado”.
Nos esclarecimentos enviados à Lusa, além de revelar a reunião que vai ter com o sindicato, o HESE argumentou que considera “prioritária a prestação dos cuidados necessários para a recuperação dos doentes, em segurança”.
“As temperaturas extremas que assolam o Alentejo, nesta fase do ano, são uma preocupação, mas todas as medidas que visem garantir a não disseminação da contaminação de doenças infetocontagiosas são prioritárias, por uma questão de segurança e saúde para os doentes, utentes e profissionais”, esclareceu.
C/ Lusa