Terminaram este domingo, dia 16 de agosto, as Festas de Borba em Honra do Senhor Jesus dos Aflitos, organizadas pelo Município. Estas festividades foram adaptadas à nova realidade devido à pandemia COVID-19 e também realizadas no âmbito do Programa de Desconfinamento Cultural da autarquia. Na noite de domingo, o evento terminou com chave de ouro, com a Ensemble da Banda Filarmónica do Centro Cultural de Borba num concerto assistido por centenas de pessoas na Praça da República, em frente ao edifício dos Paços do Concelho, naquele que foi o primeiro espetáculo da “Banda mais jovem do Alentejo” após o confinamento.
No final do concerto a Rádio Campanário falou com o Maestro José Francisco Andrade, que afirmou que foi “um dia especial para nós”. O maestro da Banda Filarmónica borbense contou que “tivemos algum tempo sem poder ensaiar e dar aulas e agora retomámos os ensaios e as aulas e para nós foi um dia especial, estávamos a precisar deste ânimo do público”, classificando este concerto como “memorável”.
“Penso que correu bem, com os ensembles, com os metais, as madeiras, clarinetes, saxofones, a percussão e tocámos o hino do Senhor Jesus dos Aflitos, padroeiro da nossa terra que todos nós gostamos e as pessoas necessitavam de ouvir o hino. A Festa de Borba sem a Banda não há Festa”, disse José Francisco Andrade.
O Maestro acrescentou ainda que “o nosso concerto costuma ser no coreto no sábado, este ano no domingo e na Praça da República, o espaço onde podíamos estar mais à larga, com o distanciamento possível e cumprindo as regras que todos nós conhecemos”.
Questionado de que forma a pandemia COVID-19 teve repercussões nos trabalhos da Banda Filarmónica do Centro Cultural de Borba, o Maestro referiu que “no final de fevereiro tínhamos cerca de 34/35 serviços já confirmados e foi tudo anulado. Este ano o único serviço que fizemos foi este”.
Para José Francisco Andrade, “a sobrevivência e a manutenção das bandas estão em causa com esta pandemia”, pois “só com o apoio das autarquias é insuficiente e as bandas filarmónicas estão todas a passar um mau momento”. Apesar de ter esperança que “tudo volte à normalidade”, o Maestro frisou que “Estado Central ainda não olhou para nós. Temos aqui música, manutenção dos instrumentos, dos fardamentos tudo custa muito dinheiro e está tudo muito aquém”.
“Sentimo-nos totalmente abandonados [pelo Ministério da Cultura]. Não há uma palavra, não há um apoio, não há nada e a cultura amadora, a cultura popular vai-se perder”, lamentou José Francisco Andrade.
Quanto às perspetivas para o futuro, o Maestro tem esperança de que “com o início do ano letivo isto retome mais ou menos à normalidade, vamos ver como se vai processar, porque todos nós temos restrições”.
No final da Ensemble da Banda Filarmónica do Centro Cultural de Borba, houve espetáculo de fogo de artificio na emblemática Fonte das Bicas.