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Entrevista Exclusiva: Manuel Bio, Diretor-Geral do Grupo Abegoaria, fala sobre os desafios do setor vinícola.

Mourão, 6 de julho de 2024 – A Rádio Campanário, , entrevistou Manuel Bio, Diretor-Geral do Grupo Abegoaria, um dos maiores empregadores do concelho de Mourão. A conversa abordou a importância do enoturismo, os desafios do setor vinícola e as estratégias para o futuro.

ODiretor-Geral do Grupo Abegoaria salienta que o grupo é um dos maiores empregadores do concelho de Mourão, mas também temos uma presença significativa em Moura, Barrancos e Vidigueira. No entanto, a maior parte da nossa equipa está no concelho de Mourão, nas freguesias de Granja e Mourão.

Augusta Serrano: Hoje, o vinho é considerado um agente importante para o turismo. Como vê esta evolução?

Manuel Bio: É verdade. Portugal tem uma oportunidade única. Somos conhecidos pela nossa relação qualidade-preço imbatível, mas precisamos de desenvolver mais o enoturismo. Atrair turistas para provar o vinho na sua origem é essencial. Provar um vinho do Alentejo em Nova Iorque não é o mesmo que prová-lo na Amareleja ou na Granja. O enoturismo permite que os visitantes vivenciem o ambiente único das vinhas e adegas, criando uma experiência memorável e autêntica que é difícil de replicar em qualquer outro lugar do mundo.

Augusta Serrano: Alguns produtores estão preocupados com o excesso de vinho nas adegas. Considera isso um problema?

Manuel Bio: Infelizmente, o Covid criou um ambiente diferente e temos tido produções altas, resultando em excesso de vinho. A solução não é arrancar vinhas, mas sim melhorar as estratégias comerciais e vender mais no mercado internacional. Devemos focar-nos em conquistar novos mercados e promover o vinho português globalmente. Vejo muitos produtores preocupados, mas acredito que temos capacidade e qualidade para superar este desafio através da união e cooperação entre produtores.

Augusta Serrano: Acredita que a intervenção da União Europeia pode ajudar?

Manuel Bio: Sou contra a intervenção excessiva do Estado e da comunidade europeia no nosso negócio. Precisamos de ter regras, claro, mas a nossa estratégia deve focar-se em produzir mais e tornar o nosso vinho bem-sucedido globalmente. Pedir subsídios para plantar e depois arrancar vinhas não é sustentável. O apoio deve vir sob a forma de incentivos à inovação e à exportação, não através de medidas que limitem a nossa capacidade de produção. Precisamos de uma estratégia de longo prazo que fortaleça a nossa posição nos mercados internacionais.

Augusta Serrano: Quais são os principais mercados para o vosso grupo?

Manuel Bio: O nosso maior mercado é o inglês, seguido do brasileiro. Temos também uma forte presença nos Estados Unidos, Canadá e países nórdicos. O mercado está lá fora, e nós, portugueses, temos que lembrar que o mundo é o nosso caminho. A história de Portugal como nação de exploradores e comerciantes deve inspirar-nos a expandir a nossa influência globalmente, levando os nossos produtos de alta qualidade a consumidores em todos os cantos do mundo.

Augusta Serrano: Para finalizar, como resume a estratégia do Grupo Abegoaria?

Manuel Bio: Estamos focados em exportar mais e aumentar a nossa presença internacional. Em 2024, vamos vender 50% no mercado internacional e 50% em Portugal, sem perder quota de mercado no país. Precisamos ser associativos e integrativos numa estratégia comum para o sucesso do setor. A nossa missão é tornar o vinho português um produto reconhecido e valorizado mundialmente. O segredo do nosso sucesso está na cooperação, na inovação e na persistência em manter a qualidade dos nossos vinhos.

Manuel Bio: Portugal pode ser pequeno, mas a nossa capacidade de produzir vinhos de alta qualidade é enorme, e é isso que devemos mostrar ao mundo.

Foto: Silicon

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