Entrevistámos André Matoso, Diretor Regional da Administração Regional Hidrográfica do Alentejo – APA que falou à rádio campanário, neste evento único na região, o Water World Forum for life.
Muito boa tarde doutor André Matoso, um evento único no nosso Alentejo não fosse esta pandemia e, de facto, este era um evento com uma expressividade em termos de aglomerado, enfim de pessoas, único.
“Sem dúvida estão aqui, e estiveram em streaming (remotamente), disseram-me hoje, centenas de milhares de pessoas a assistirem, em direto, a temas importantíssimos ligados à sustentabilidade ambiental, à água e ambiente de maneira geral e, de facto, dou os meus parabéns à organização e ao local onde estamos que é o Alqueva o maior lago artificial da europa que se presta imenso para este evento”.
Provavelmente os últimos anos do seculo XX, por aí, houve aqui uma alteração desenfreada nomeadamente nas novas tecnologias que, obrigou o planeta a dar um grito, e o homem hoje está atento a este grito que o próprio planeta já deu.
“Temos que estar atentos, é o único planeta que temos, e temos que parar de o estragar. Eu hoje fiz uma intervenção em que dizia que temos que mudar comportamentos, hábitos e acreditar que podemos fazer a diferença”.
“Não esperar só que os governos façam, cada um de nós também pode ajudar a mudar comportamentos, poupar água, poluir menos, etc”, remata.
Na união europeia existe um compromisso sério, com metas a alcançar, relativamente ao CO2. Há metas com muitas responsabilidades a atingir no país e não só, também na europa.
“Exatamente, para dar o exemplo, eu vim num carro elétrico de Évora até aqui, tive essa possibilidade, e a mobilidade suave é importante” – refere.
Termos hábitos, os municípios, as entidades oficiais também tem muito a fazer, em termos de alternativas, transportes públicos fiáveis, de qualidade tudo isso pode ajudar-nos a melhorar o nosso compromisso de mudança.
Portanto, a água é vida. Reguengos de Monsaraz, e aqui este centro hoje é fonte de vida.
“É! É fonte de vida. Esta água tem utilizações variadíssimas, não só na agricultura, no lazer, temos a praia de Monsaraz, fantástica, e outras praias fluviais aqui associadas ao Alqueva.
Só o Alqueva permitiu! Há uns anos ninguém sonhava, quem falasse em praias fluviais aqui, chamavam-lhe, se calhar, utópico ou louco e, de facto, temos. Monsaraz foi pioneira, Portel, Mourão, agora Alandroal vai ter uma praia fluvial também, enfim, é a importância da água também, é esta vida e neste contexto de pandemia, hoje vimos a praia com muita gente, pessoas que procuram estes espaços para relaxar, para descontrair para viver.”
Se nós estamos no lugar paradisíaco do Alentejo, esta zona do Alqueva, que está também associado à cultura intensiva, que tanta polemica tem dado na sustentabilidade do ambiente, qual é a opinião que tem?
“Temos que ter alguma contenção nas análises que fazemos, o Alqueva foi construído em grande parte para o apoio à agricultura, portanto, temos disponibilidade de água e o Alqueva aguenta 5 anos de seca seguidos, as culturas que vão aparecendo nós não podemos proibir, não existe legislação que impeça o aparecimento, o que temos que ser rigorosos todos nos, sociedade, organismos públicos, é exigir que essa agricultura não comprometa o recurso, ou seja, não seja à custa de estragar a qualidade da água e consumir água em demasia.
É aqui que tem que haver esse compromisso, tentarmos conseguir que se produza bom vinho, bom azeite, boas frutas, boas hortícolas, sem ser à custa de afetação da qualidade e da quantidade da água.
Eu sei que é difícil, temos é que ser rigoroso e ter o cuidado de quem está a utilizar os recursos, temos que separar o trigo do joio”.