Um fenómeno astronómico singular foi observado na noite de domingo em Elvas, captando a atenção de muitos. Para entender melhor este evento, o Notícias ao Minuto contactou Pedro Machado, um especialista do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço e também professor na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.
Machado descreveu o meteoro como uma manifestação impressionante e pouco comum, devido ao seu tamanho considerável. Explica que a Terra é frequentemente atingida por poeiras e pequenos asteroides, totalizando aproximadamente duas toneladas diariamente. No entanto, este meteoro destacou-se pela sua grandeza. Ao entrar na atmosfera terrestre a uma velocidade extraordinária, o atrito gerado faz com que estes corpos celestes atinjam temperaturas elevadíssimas, levando-os a incendiar-se.
O especialista esclareceu a nomenclatura utilizada para descrever estes fenómenos. Corpos menores, como poeiras, são geralmente conhecidos como estrelas cadentes. Quando um corpo de maiores dimensões interage com a atmosfera, é classificado como meteoro. Caso alcance a superfície da Terra, passa a ser denominado meteorito. No caso do meteoro de Elvas, apesar do seu tamanho, não atingiu o solo.
O especialista abordou a origem do meteoro, salientando que não se tratava de um fragmento rochoso típico de um asteroide, mas sim de um resíduo de cometa, composto maioritariamente por gelo e poeiras. Esta característica confere ao fenómeno um aspeto paradoxal: apesar da sua dimensão apreciável, desintegrou-se antes de poder ser classificado como meteorito.
Sobre a determinação da origem exata deste meteoro, o investigador admitiu que é um desafio, dada a dificuldade em identificar estes objetos no espaço, mesmo com equipamentos avançados. Embora chuvas de meteoros conhecidas, como as Leónidas, Perseidas e Quadrântidas, possam ser rastreadas até os seus cometas de origem, no caso deste meteoro específico, a sua proveniência permanece incerta.
Por fim, quanto às conjecturas sobre a composição do meteoro, especialmente no que toca à sua coloração esverdeada que levou alguns a sugerir a presença de magnésio.