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Escola Sec. Ponte de Sor: agressões, alunos com navalhas e alegada tentativa de violação deixam clima de medo

Na Escola Secundária de Ponte de Sor, são inúmeros os problemas existentes na comunidade escolar. Os estudantes sentem-se ameaçados, os professores impotentes, os encarregados de educação revoltados e a associação de pais critica a falta de comunicação com a direção.

Na cidade de Ponte de Sor, e nesta escola em particular,  é o clima vivido na escola secundária do agrupamento que mais preocupa os encarregados de educação , os alunos – que revelam não aprender nas condições ideais e os professores. Ainda assim, o diretor do Agrupamento de Escolas de Ponte de Sor, Manuel Andrade, garante que a escola tem “problemas e dificuldades como todas as escolas têm”.

Esta escola é destaque de reportagem Jornal i e nela podem ler-se alguns testemunhos reveladores do que por ali se passa.

Jorge (nome fictício) é pai de Santiago (nome fictício), um adolescente de 17 anos, e assevera que quem destabiliza o ambiente da escola são “indivíduos que gritam, fazem aquilo que querem e os auxiliares de educação têm medo”. Segundo o encarregado de educação, estes alunos “estão habituados à impunidade” e tal leva a que “muitas coisas fiquem abafadas e não sejam comunicadas às autoridades”.

O progenitor avança que tem conhecimento de que os professores se queixam à direção e nada acontece, sendo que “perderam completamente a autoridade naquela escola”.

Ao Jornal i, Manuel Andrade, presidente do Agrupamento de Escolas de Ponte de Sor, começa por esclarecer que “no que diz respeito a estupefacientes é de referir que o Agrupamento tem procedimentos articulados com os elementos da Escola Segura”, adicionando que “neste domínio sempre que tal se justifica são interpelados alguns alunos e realizadas ações de sensibilização e dissuasão com a presença de brigadas da GNR com cães”, sendo que “até este momento não foi detetada a presença de nenhuma substância”.

Porém, confirma a existência de “influências e interações que se estabelecem à volta das escolas, onde circulam adolescentes”.

O chefe da divisão de comunicação e relações públicas da GNR, tenente-coronel João Fonseca,  segundo avança o Jornal i, explica que “relativamente a situações relacionadas com o tráfico de produtos estupefacientes e/ou posse de armas”, as secções de Prevenção Criminal e Policiamento Comunitário (SPC) e os militares do posto territorial de Ponte de Sor “têm incidido o seu policiamento junto à escola bem como nas suas imediações, principalmente nos horários dos intervalos letivos, tendo sido remetidas ao Ministério Público as denúncias referentes a este tipo de situações de que a Guarda tem conhecimento”.

A 18 de setembro de 2018, nesta mesma escola, um aluno, de 16 anos, foi esfaqueado por um colega, de 18. À época, o Comando Territorial de Portalegre da GNR elucidou que “o alerta foi dado cerca das 10h30 pouco depois de o aluno ter sido agredido com uma arma branca, uma faca, por um colega mais velho na zona da perna e da nádega”, sendo que a agressão ocorreu “no interior da escola, no decorrer de um intervalo”. A vítima foi assistida no local e depois transportada pelo INEM para o hospital de Abrantes, em Santarém.

“Relativamente ao uso de ‘navalhas’ durante este ano letivo, foi identificada uma aluna com a posse de um pequeno canivete. A escola, na presença desta situação, abriu o respetivo procedimento disciplinar tendo suspendido a aluna”, diz Manuel Andrade, informando que “no decurso do procedimento disciplinar apurou-se que a aluna tinha na sua posse esse objeto a pedido da própria mãe para que esta se defendesse do padrasto se tal fosse necessário”, acrescentando que “neste momento, esta aluna encontra-se institucionalizada numa instituição de acolhimento de crianças e jovens em risco” e assumindo que “para além deste caso não há referência a outros semelhantes”.

Apesar destas afirmações por parte do Diretor da Escola, há professores a dizerem precisamente o contrário “há alunos com uma navalha no bolso e mostram-na a quem quiser ver” diz um dos professores que vai mais longe e acrescenta os pais não têm o mínimo interesse nestas situações”, pois “são chamados às escolas e não fazem nada” e “uma das mães faz tráfico de droga, bebe, tudo aquilo que a CCPJ devia colmatar”.

Nesta escola, segundo o jornal i, também já houve uma tentativa de violação de uma aluna, pelo menos é o que refere um dos alunos, e sobre o qual os professores também adiantam ter ouvido rumores, no entanto, Raquel Freitas, presidente da Associação de Pais e Encarregados de Educação do Agrupamento de Escolas de Ponte de Sor, adianta ao Jornal i “Eu não faço a mínima ideia daquilo que está a acontecer, de nenhuma situação menos regular. As situações de violação e porte de armas estão reportadas à GNR, à CCPJ, à Câmara Municipal e ao Ministério Público. Segundo sei, está uma investigação em curso. Também estão a decorrer processos tutelares e disciplinares educativos.

Confrontado com esta informação, Manuel Andrade declara que “é importante esclarecer que, depois de apurados os factos que estiveram na origem desta situação, conclui-se que o que estava em causa era uma suposta brincadeira entre um pequeno grupo de alunos que, no corredor da escola, se desafiam no sentido de saber quem era capaz de puxar as calças / fato de treino para baixo aos colegas”, sendo que “numa dessas situações foram puxadas as calças a uma aluna”, “não tendo havido nada mais do que esta situação”.

Ainda assim, deixa claro que a estudante em causa comunicou aquilo que aconteceu à direção da escola e foram tomadas “as devidas medidas”. “Reitero que foi apenas isto que aconteceu, não tendo resultado daqui nenhuma outra situação mais grave. Depois deste episódio que aconteceu em novembro, não temos conhecimento de mais nenhuma situação semelhante.

Raquel Freita, da Associação de Pais e Encarregados de Educação do Agrupamento de Escolas de Ponte de Sor , não sabe se o clima de medo ainda está instaurado na escola, contudo, no início do ano letivo que está em vigor, o mesmo existia quer na instituição quer nas suas imediações.

Questionada pelo i acerca do panorama geral vivido na escola secundária, a GNR não esconde que “tem estado particularmente atenta à situação descrita, havendo alguns jovens devidamente referenciados por ações fora da escola que poderão interferir com a vida escolar, estando a Guarda sempre atenta e a dar resposta às ocorrências de que tem conhecimento relativas à escola”, destacando que “acresce informar que a GNR, no decorrer das ações de sensibilização realizadas pelos militares da SPC, em sala de aula, tem encontrado um ambiente de calma e respeito por parte dos alunos”.

No entanto os alunos têm uma opinião diferente. A cada dia, dizem deparar com “alunos que entram nas salas, andam por lá a dizer asneiras e voltam a sair”. A rapariga confidencia “que a direção devia fazer o seu trabalho, fazer com que estivéssemos seguros numa escola”, até porque “a GNR é chamada e não faz nada”.

Os professores têm dificuldade em ensinar e um deles adianta mesmo ao jornal i “Aquilo que eu tenho vindo a verificar é que seis, sete alunos são o terror dentro da escola e põem em causa toda a estabilidade que possa existir e provocam o terror de 900 pessoas. Nas minhas aulas, consigo controlar tudo porque não permito que as coisas tomem proporções graves, mas os comportamentos não são os melhores.

Pode ler a reportagem completa em

https://ionline.sapo.pt/artigo/734091/ponte-de-sor-sinto-me-aterrorizado-temos-dois-mundos-dentro-de-uma-escola?seccao=Portugal_i&fbclid=IwAR0iYv5CQpjhLz2pKyXqUSnYiT_ywsyu_Q6BzJLr1hh6vRROvUCQK_kX5ZM

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