Entre 5 de janeiro e 31 de março de 2023, o Museu Nacional de Arte Antiga e o Centro de Arte João Cutileiro assinalam a data da morte do escultor com exposição evocativa.
No segundo aniversário do desaparecimento, o MNAA associa-se ao Centro de Arte João Cutileiro e à Fundação Carmona e Costa para evocar a memória ade João Cutileiro, correspondendo à ideia apresentada por Teresa Segurado Pavão de homenagear o amigo que tanto admirava. Filipa Oliveira foi convidada a assinar a curadoria de uma exposição que articula entre si peças do escultor e obras de Teresa Segurado Pavão. A iniciativa conta com o apoio do GAMNAA e com o patrocínio do Banco Santander, na sua qualidade de Mecenas para a Educação e Ciência. João Cutileiro costumava contar que Miguel Ângelo acreditava que todas as esculturas existiam dentro de blocos de mármore à espera de serem libertadas por um escultor, concluindo que gostaria de correr atrás de Miguel Ângelo e utilizar os seus desperdícios para criar as suas obras. Se Cutileiro trabalhava a partir do desperdício proveniente das pedreiras, Teresa Segurado Pavão assume que o ‘fragmento’ é central na sua obra, como elemento estimulador da sua criatividade. Ceramista de formação, a artista escolheu utilizar o barro branco nesta evocação do escultor, num paralelismo com a cor do papel que aguarda a intervenção do artista.
“Às vezes, ponho-me a olhar para uma pedra… Teresa Segurado Pavão e João Cutileiro no MNAA”, é uma exposição construída em torno dos conceitos de fragmento, memória e escultura. Teresa Segurado Pavão concebeu este conjunto de objetos artísticos utilizando o barro como elemento integrador de fragmentos que são os ‘desperdícios’ de esculturas de João Cutileiro lhe foram oferecidos. Utiliza a roda de oleiro na finalização das peças, para evocar o acabamento a torno que Cutileiro utilizava nas suas esculturas. Usa o ferro nas ligações entre a pedra e a cerâmica (agrafos, espigões, prisões), numa alusão à técnica utilizada pelo escultor na estrutura das suas obras. A curadora Filipa Oliveira, por sua vez, utilizou a relação natural existente entre os materiais utilizados pelos dois artistas plásticos – o barro e a pedra, ambos minerais em diferentes estados – para criar a base do discurso expositivo construído em torno da articulação de um importante grupo de esculturas de João Cutileiro com a obra produzida para este efeito por Teresa Segurado Pavão. Patente até 31 de março de 2023, a exposição inaugura a dia 5 de janeiro, às 17 horas, contando com um momento de evocação da figura ímpar de João Cutileiro.
Fonte: MNAA