Decorrem as obras de construção do novo troço ferroviário entre Freixo e Alandroal, da Linha de Évora, inserida no Corredor Internacional Sul, uma empreitada que se encontra em execução desde setembro de 2019, numa extensão de 20,5 quilómetros.
Tal como a Rádio Campanário já tinha noticiado, para o Alandroal existe a expetativa da “possibilidade de cargas e descargas de mercadorias ou passageiros a concretizar-se na região “reforçando “o potencial que esta linha tem para esta região do Alentejo, em particular do Alandroal, que pode ajudar muito às dinâmicas económicas.”
Foi, entretanto, constituída uma comissão, que levou a Infraestruturas de Portugal e sete municípios-Alandroal, Borba, Estremoz, Reguengos de Monsaraz, Redondo, Sousel e Vila Viçosa- a juntarem-se para defender a construção de um terminal de cargas e descargas ferroviário em Alandroal, que sirva toda a região.
Foi ainda elaborado um estudo para apurar a viabilidade de uma estação de cargas e descargas em Alandroal.
A Rádio Campanário falou com João Grilo, Presidente da Câmara Municipal de Alandroal sobre o ponto de situação deste processo assim como procurámos saber se o facto do concelho de Alandroal, sendo o concelho de maior incidência desta linha e onde está o maior número de pessoas que trabalha nesta obra, pode ressentir-se na sua economia quando as obras terminarem.
O autarca começou por referir “que a autarquia está preocupada e tem sido um dos aspetos que temos salientado desde o princípio como justificação adicional para o investimento em infraestruturas de carga e descarga de passageiros no concelho de alandroal “ acrescentando ainda “o impacto da obra no concelho é enorme pois somos literalmente atravessados e isso tem impactos para moradores, para proprietários, nas nossas estradas, e estamos a sentir o impato da obra.”
Ainda assim, refere João Grilo “tem tido a vantagem de ajudar na empregabilidade mas tem um horizonte e por isso nós achamos que tem que haver soluções de médio-longo prazo para que as pessoas não fiquem de um dia para o outro sem oportunidade.”
Para o autarca de Alandroal “ter o terminal de carga e descarga e a estação de passageiros é uma das possibilidades para ajudar a contrariar essa limitação.”
“Preocupam-nos ainda os impactos ambientais e temos demonstrado o nosso esforço de que eles sejam compensados e corrigidos”, acrescentou ainda.
Relativamente ao ponto de situação do processo, João Grilo refere “neste momento estamos num ponto em que acredito que muito em breve teremos a conclusões preliminares do estudo” acrescentando “que elas só não saem já porque ainda estamos a ultimar os trabalhos e porque queremos envolver os novos autarcas que foram eleitos agora” considerando ainda que “é importante que este estudo seja apresentado aos novos autarcas e que em conjunto possamos continuar a estratégia final.”
João Grilo adianta ainda “é certo que o estudo vai demonstrar que com o envolvimento de todas as forças vivas do território, sobretudo dos industriais, que mais caracteriza a zona dos mármores e que mais pode beneficiar deste investimento, pode haver viabilidade para ter aqui um terminal de carga e descarga” salientando que “se esse envolvimento não acontecer, essa viabilidade pode estar em causa.”
“Ou o sector dos mármores se envolve e empenha neste processo e o sente como seu dizendo de uma vez por todas que ter um terminal de carga e descarga é fundamental, é estratégico, é importante para a dinamização do seu negócio e atividade, que é estruturante para toda a região, ou vamos ter sempre dificuldade em justificar” referiu o autarca salientando ainda que “não se pode fazer um terminal em qualquer lado e por qualquer razão pois é preciso ter argumentos fortes e o setor dos mármores dá um argumento forte, se o quiser dar.”
João Grilo conclui dizendo “está nas mãos dos empresários nós termos ou não, na região, um terminal de cargas e descargas” sublinhando que “sente que os empresários estão a começar a envolver-se neste processo pelo que vamos continuar a insistir neste processo e temos que trabalhar todos em conjunto, ou então não teremos nunca este terminal, uma estratégia para a região e a componente empresarial e política têm que trabalhar em sintonia para sermos ouvidos.”
João Grilo ainda refere “todos sabemos que apesar de representarmos cinco concelhos num setor que é estratégico para a nossa região, no cômputo global do país existem sempre outras pressões e outras forças por isso temos que ser nós a puxar pela região.”