A FAABA – Federação das Associações de Agricultores do Baixo Alentejo – apesar de reconhecer a absoluta necessidade de implementação de medidas que evitem a deflagração de fogos que, infelizmente, têm assolado o nosso território, principalmente nas zonas providas de coberto florestal no norte e centro do País, entende que as medidas decretadas pelo governo no âmbito da declaração da situação de alerta, não devem aplicar-se de igual forma às diferentes regiões do continente.
Segundo a Federação existem algumas medidas restritivas que deveriam ser aplicadas na Região do Baixo Alentejo de forma diferente.
Assim, a Federação elaborou uma Carta Aberta à Senhora Ministra da Agricultura e Alimentação sobre esta matéria.
A Rádio Campanário falou com Rui Garrido, Presidente da Direção da FAABA que nos explicou “que em causa, está em primeiro lugar, a questão das ceifas porque o despacho definido é completamente inadequado, nomeadamente o período da manhã conforme estava definido não fazia sentido nenhum.”
Segundo o responsável pela Federação “as ceifas ocorrem normalmente entre 15 e 30 de julho e toda a vida esta região viveu com isso” sublinhando ainda que hoje em dia, os meios utilizados neste trabalho são outros e a consciencialização dos agricultores e da população em geral em outra, logo o risco de incêndio também é menor.”
Mesmo que os Agricultores tenham que trabalhar com esta contingência e com a consciência de quem em dias de perigosidade extrema este trabalho não deve ser feito pelos agricultores, entende a federação, representante dos agricultores do baixo Alentejo, “que os mesmos já tinham esse cuidado antes da existência deste despacho.”
Outra das medidas para a qual a Federação chama também a atenção nesta carta enviada à Ministra, “têm a ver com a preparação de terrenos e assim como as obras de rega que estava a decorrer na região e que agora estão paradas, nomeadamente desde que saiu o despacho que colocou Portugal em situação de contingência.”
Após o envio desta missiva à governante que tutela a pasta da Agricultura, a questão do horário permitido para a ceifa já sofreu uma ligeira alteração sendo atualmente permitido que o mesmo seja realizado pelos agricultores até ás 11h e que os mesmos, no final do dia, o possam começar uma hora mais cedo do que estava previsto.
Ainda assim estas alterações não são fáceis de operacionalizar porque o despacho em questão, é um despacho conjunto entre vários Ministérios e, como refere Rui Garrido, “ todos têm que ter a perceção destas dificuldades pois se for só a Ministra da Agricultura a tê-las, não vamos conseguir.”
O Presidente da Federação das Associações de Agricultores do Baixo Alentejo realçou ainda “nós entendemos as medidas que o governo” mas sublinhando “ não podemos parar. Há uma série de trabalhos agrícolas que podemos fazer sem aumentar o risco de incêndio e que estamos proibidos de fazer” justificando que “ os agricultores serão os primeiros a não querem incêndios nas suas propriedades.”