É natural de Lisboa, mas há década e meia que vive em Beja. Rita Cortês de Matos começou o seu percurso na ilustração arqueológica em Mértola e foi recentemente galardoada na 6ª edição dos prémios internacionais de ilustração científica e de natureza “Illustraciencia”, cujo resultado foi revelado no passado dia 24. O seu trabalho foi o ciclo de vida do maior escaravelho da Europa, a vaca-loura (Lucanus cervus). À Campanário revelou que “já estava muito contente e tinha ficado muito feliz, só de ter sido selecionada para os 40 finalistas e quando me telefonaram que eu tinha ganho o prémio eu nem acreditei”.
Esta edição do concurso, organizado pela Associação Catalã de Comunicação Científica e pelo Museu Nacional espanhol de Ciências Naturais, recebeu mais de 500 ilustrações vindas de vários países. A obra vencedora do prémio na Categoria Científica, no valor de 600 euros, foi escolhida por um júri composto por elementos das áreas da comunicação de ciência e ilustração científica. “É realmente uma honra muito grande”, confessa a ilustradora, pois “é um prémio muito importante”.
Mas para chegar até ao resultado final “comecei pela página do Facebook que se chama mesmo Vacaloura.pt”, iniciativa coordenada pela Associação Bioliving em parceria com a Unidade de Vida Selvagem do Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro, com a Sociedade Portuguesa de Entomologia e com o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, aos quais “pedi informações, bibliografia e imagens” do escaravelho e foi a partir daí que “decidi que ia fazer o desenho” porque “achei o escaravelho muito interessante”.
“Entre investigar, ler artigos científicos, investigar o ciclo de vida, ver centenas de imagens tantos dos machos como das fêmeas e conseguir montar um escaravelho que seja representativo da espécie e não um só indivíduo”, demorou cerca de mês e meio.
Rita Cortês de Matos sublinha ainda que “a vantagem do desenho científico em relação à fotografia é exatamente essa, conseguirmos retratar uma espécie inteira com um pormenor que a fotografia acaba sempre por não conseguir chegar”.
A ilustradora revela que a sua experiência profissional com o desenho começou com o desenho arqueológico, “precisamente aqui no Alentejo, no Campo Arqueológico de Mértola, onde fiz o curso de desenho de peças arqueológico”. Uma área à qual continuou ligada, até pela profissão do seu pai, que era Arqueólogo.
Depois de ter interrompido a sua atividade, “voltei à ilustração, comecei pela ilustração infantil, Urban Sketching e há dois anos que estou no curso [de Ilustração Científica] do Professor Pedro Salgado, no Museu de História Natural de Lisboa”. Alguém que a própria considera “o pai da ilustração moderna em Portugal”, tendo sido o vencedor do mesmo prémio na edição de 2017.
Para o próximo ano, Rita Cortês de Matos diz que vai continuar no mesmo curso, pois “tenho sempre muito a aprender ainda” e vai “continuar com o Urban Sketching, porque é uma paixão”, através da qual faz parte do Urban Sketchers de Beja e que “são uma presença marcante aqui no Baixo Alentejo”, juntando “elementos de Castro Verde, de Mértola, de Beja”, que “são ilustradores e artistas já conceituados”.
Ao mesmo tempo está disponível a desenvolver cursos ou outras atividades que envolvam a comunidade alentejana de Beja, para onde veio viver “há 15 anos” porque “achei que era uma cidade boa para educar os meus filhos”. “Eu adoro o Alentejo” e “não tenho a mínima dúvida de que viver no Alentejo é fantástico”.