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Eunice Muñoz lembrada a partir de sábado pelo Museu do Teatro e da Dança

A atriz Eunice Muñoz, falecida no passado mês de abril, é lembrada, as partir de sábado, no Museu Nacional do Teatro e da Dança, “através de um dos mais importantes espetáculos jamais feitos em Portugal”, “Mãe Coragem e seus Filhos”, divulgou hoje a instituição.

Eunice, que se fosse viva completaria, no sábado, 94 anos, é recordada através da peça “Mãe Coragem e os seus Filhos”, de Bertold Brecht, levada a cena em 1986, pelo Novo Grupo, com versão e encenação de João Lourenço e Vera San Payo de Lemos, no Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa.

Em nota, o Museu afirma que o trabalho da atriz é “um símbolo da sua admirável carreira profissional”.

No museu, instalado no Palácio do Monteiro-Mor, no bairro lisboeta do Lumiar, vai estar exposta, até setembro, “a mítica carroça da Mãe Coragem, um objeto cenográfico da autoria de José Carlos Barros”, que faz parte do acervo do Museu e “é um símbolo de uma das mais marcantes peças representadas por Eunice Muñoz”, objeto central da peça. 

O cenógrafo e aderecista José Carlos Barros restaurou “gentilmente” a carroça, com vista a sair das reservas do Museu para ser exposta, durante os meses de agosto e setembro, no seu pátio.

Podem também ser vistos o figurino da personagem protagonizada por Eunice Munõz, da autoria de Lígia Lemos, documentação variada, como o programa e o texto da peça, e é exibido um excerto da gravação do espetáculo.

Esta foi uma criação que distinguiu Eunice Munõz e toda a produção com variados prémios, destacando-se o Prémio Garrett da Secretaria de Estado da Cultura para Melhor Atriz, Melhor Cenógrafo, Melhor Encenador e Melhor Produção de 1986, o Prémio Melhor Espetáculo de 1986 da RDP-Antena 1, e ainda os troféus Nova Gente, galardoando também a atriz, o cenógrafo, o encenador e o espetáculo, e os prémios atribuídos pela Associação de Críticos de Teatro para a Melhor Atriz e para o Melhor Cenógrafo, entre outros.

Do elenco da peça fizeram ainda parte os atores Carlos Daniel, Irene Cruz, Orlando Costa, Mário Pereira, Ruy de Carvalho, Rogério Paulo, São José Lapa e Manuel Cavaco, entre outros.

Nascida a 30 de julho de 1928 na Amareleja, no distrito de Beja, no seio de uma família de atores e performers circenses, Eunice Muñoz estreou-se no Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa, em 28 de novembro de 1941, na peça “Vendaval”, de Virgínia Vitorino, com a Companhia Rey Colaço/Robles Monteiro.

Este foi o primeiro passo de uma carreira de 80 anos que fechou contracenando com a neta Lídia Muñoz, na peça “A Margem do Tempo”, em diferentes salas do país, numa digressão, durante o ano passado, que culminou no Nacional D. Maria, em Lisboa, a 28 de novembro de 2021, exatamente 80 anos após a sua estreia no mesmo palco.

Ao longo da carreira, Eunice Muñoz participou em cerca de 200 peças, trabalhou com cerca de uma centena de companhias, segundo a base de dados do Centro de Estudos de Teatro da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e, no cinema e na televisão, o seu nome está associado a mais de oito dezenas de produções de ficção, entre filmes, telenovelas e programas de comédia.

A leiloeira Cabral & Moncada organiza um leilão ‘online’ de peças da coleção de Eunice Muñoz, que inclui, entre outras, um busto em gesso da atriz, de autoria de Joaquim Correia, desenhos de José Escada, Lagoa Henriques, Carlos Amado, Graça Morais, José Cutileiro, Paula Rêgo, Manuel João Vieira, Lourdes de Castro, fotografias de autores como Eduardo Nery, telas de Artur Bual, Noronha da Costa, Jaime Isidoro, um painel de Azulejos de Jorge Barradas, entre outras peças de artistas como Malangatana, Tom, Júlio Pomar, Bernardo Marques, João Hogan, Manuel Monterroso, Leal da Câmara.

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