Seis eurodeputados portugueses responderam à pergunta lançada pela Europe Direct – Alentejo Central e Litoral “Como vê a UE pós-COVID?”, no âmbito da comemoração do dia da Europa, celebrado no dia 9 de maio. Os eurodeputados que responderam foram os chefes de delegação portuguesa: Carlos Zorrinho (PS), Paulo Rangel (PPD/PSD), Marisa Matias (BE), João Ferreira (PCP-PEV), Nuno Melo (CDS) e Francisco Guerreiro (PAN).
Apresentamos as declarações feitas pelos eurodeputados:
Eurodeputado Carlos Zorrinho, PS / Socialistas e Democratas (S&D):
A COVID-19 colocou à prova a capacidade de resposta coordenada e solidária da União Europeia. Os egoísmos nacionais atrasaram a aplicação imediata de instrumentos partilhados e robustos. Contudo, a profundidade e o caracter supranacional dos impactos e a pressão dos europeístas progressistas, têm vindo a conduzir a uma reorientação de práticas, que fará com que a UE saia da crise mais preparada para aplicar os valores da paz, da liberdade e da solidariedade, que dão sentido à sua existência.
Eurodeputado Paulo Rangel, PSD / Partido Popular Europeu (PPE):
A crise da Covid-19 põe a Europa à prova: ou sai mais forte ou declina! Para lá da recuperação económica, eis cinco desafios. Dar-lhe poderes reais na saúde, por exemplo, em sede de infeções. Fomentar a produção europeia de bens essenciais, gerando reservas estratégicas próprias. Orientar a retoma para dois objetivos: emprego (criando finalmente uma política efetiva) e ambiente (aplicando o Green Deal). Liderar a agenda digital global, inovando no ensino e no trabalho.
Marisa Matias, BE / Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Nórdica Verde (EUE/ENV):
A União Europeia vive um momento difícil. Sem ter respondido às crises anteriores, enfrenta uma crise pandémica. Para a combatermos e aos seus impactos económicos e sociais, precisamos de respostas europeias e nacionais, uma vez que, mais do que nunca, se tornou visível a importância e a centralidade do Estado e dos serviços públicos. A UE pode ser uma ajuda ou um entrave e joga nesta crise a sua última oportunidade de poder ser um projeto de democracia e de solidariedade. Isso, ou não serve.
Eurodeputado João Ferreira, PCP / Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Nórdica Verde (EUE/ENV):
A reação da UE ao surto de COVID-19 confirma a vacuidade da proclamada “solidariedade europeia”. Vale o “cada um por si”.
A UE pré-COVID já assim era. Veja-se a intenção de corte nas verbas da “coesão”. A UE pós-COVID pode ser pior. Com as políticas vigentes na UE, antevê-se novo agravamento das desigualdades. Por estes dias, as condições de financiamento da Alemanha melhoram à custa da escalada dos juros da dívida de países como Portugal.
As receitas do passado trarão os mesmos resultados. Romper com este caminho é um imperativo patriótico.
Eurodeputado Nuno Melo, CDS-PP / Partido Popular Europeu (PPE):
A UE pós-Covid será o resultado da capacidade solidária que demonstrar, na resposta a impactos desiguais, que não são responsabilidade dos respetivos povos ou governos. Depois do Brexit, não é garantido que outros não vejam no exemplo uma motivação, se a divisão Norte/Sul, ricos/pobres não ceder a valores superiores de entreajuda. Ainda, a dependência da China em áreas essenciais, poderá ajudar a reverter uma lógica de externalização de produções e combate ao dumping que na UE leva ao encerramento de empresas, extinção de postos de trabalho e a baixos salários, na procura de um novo modelo económico.
Eurodeputado Francisco Guerreiro, PAN / Verdes:
Considerando os impactos da COVID-19 na economia e na vida social dos Europeus, nunca esquecendo a crise climática que continua a vigorar como pano de fundo, a União Europeia precisa de um novo modelo organizacional e de cooperação entre nações. E este apenas poderá ser implementado sob o chapéu do Pacto Ecológico Europeu e não poderá ser subfinanciado pelo próximo Quadro Financeiro Plurianual. Precisamos de investir em vez de nos endividar se queremos um pós-crise realmente sustentável.