Ana Cabecinha chegou a sonhar com as medalhas nos 20 km marcha dos Europeus de Munique, contudo no último terço da prova essa esperança ruiu e a portuguesa, que ainda sofreu uma penalização, terminaria em oitava.
A alentejana, de 38 anos, integrou um grupo de sete atletas que cedo se destacou na corrida sob chuva persistente, fazendo mesmo boa parte do trabalho na liderança, esforço que viria a pagar sensivelmente à hora de prova, quando começou a perder contacto com um trio mais consistente.
A grega Antigoni Ntrismpioti, a polaca Katarzyna Zdzielblo e a alemã Saskia Feige começaram a destacar-se das restantes até que, por volta dos 17 quilómetros, a helénica atacou e ganhou vantagem decisiva, juntando assim este ouro ao que conquistou, categoricamente, na prova dos 35 quilómetros.
Cabecinha ainda beneficiou da desqualificação de uma rival ucraniana, mas, quando o quinto lugar parecia uma realidade, também ela seria obrigada a uma paragem a dois quilómetros do fim – aos 18 quilómetros seguia a 33 segundos da primeira e um quilómetro depois a 2.41 -, que sentenciou definitivamente o seu desempenho, concluído em 1:31.56 horas, a 2.53 minutos do ouro.
Ntrismpioti impôs-se em 1:29.03 horas, com recorde pessoal, batendo Zdzielblo por 17 segundos e Feige por 22.
Numa prova em que terminaram apenas 20 das 24 inscritas à partida, Carolina Costa foi 14.ª, a 6.33 minutos da vencedora, com recorde pessoal de 1:35.36, enquanto Joana Pontes foi desqualificada.
A Atleta Alentejana já classificou como “um murro no estómago” a penalização de dois minutos sofrida nos 20 km marcha, que a impediu de disputar as medalhas nos Europeus de Munique, na Alemanha.
“Foi um murro no estômago. Tenho mais de 20 anos de carreira e muitos mais de provas de marcha a nível internacional e só me lembro no ‘meeting’ de Huelva [Espanha] ter ido para a rua”, afirmou, no final, a marchadora portuguesa, visivelmente agastada com a situação.
Ana Cabecinha estava inconformada com o facto de “pela primeira vez ter parado à entrada da última volta para o ‘pit line’”, dizendo que “foi um murro no estômago”.
“É injusto, é uma revolta muito grande e, quer queiramos quer não, ainda estava com muita força para ir à ucraniana que vinha em quinto e, infelizmente, fica um sabor amargo à entrada da última volta parar dois minutos, mas, pronto, faz parte, são as regras e temos de aceitar”, afirmou a atleta alentejana, de 38 anos.
Apesar de ter chegado a ponderar desistir, o sentido patriótico falou mais alto: “Não foi fácil e durante os dois minutos pensei em não continuar, nada naquele momento fazia sentido, mas é o nosso país e continuei. Tentei apanhar mais duas atletas para ficar pelo menos nas oito primeiras, e fiquei em oitavo lugar, o que também é um bom resultado, acho eu”.
Ana Cabecinha chegou a sonhar hoje com as medalhas, mas uma penalização à entrada para a última volta ruiu por completo essa esperança, terminando no oitavo lugar.
Foto ilustrativa