O Dia Nacional dos Moinhos foi assinalado em Évora pela Câmara Municipal através da iniciativa “Moinhos Abertos” que decorreu nos dias 8, 9 e 10 de abril no Alto de S. Bento. Visitas aos moinhos abertas a toda a população e contos para crianças assinalaram a data, ocasião privilegiada para conhecer o mais recente moinho de vento recuperado naquele espaço, cujos trabalhos de requalificação estão em fase final.
A artista Bru Junça dinamizou uma sessão de contos para crianças na manhã de 8 de abril e estas tiveram ainda oportunidade de entrar no moinho e de utilizar a moinhola (criada para exemplificar que é necessário gerar energia para que as mós consigam moer os grãos dos cereais e transformá-los em farinha), a qual permite aos mais pequenos perceberem melhor o processo de moagem dos cereais.
Ainda que a requalificação do mais recente moinho de vento para a sua função tradicional esteja na fase final de obra, a Câmara de Évora considerou ser uma boa oportunidade para mostrar à comunidade que a panorâmica no Alto de S. Bento já é diferente, faltando pouco para o moinho renascer e com ele a reativação de memórias de atividades relacionadas com a farinha, o pão e o processo de transformação dos cereais. A breve trecho, será igualmente assinalada a requalificação do referido moinho de vento através de uma ação, antecipadamente divulgada junto da comunidade.
Recorde-se que no contexto do projeto educativo municipal “A Escola adopta um Monumento”, a Escola Básica da Vista Alegre adotou os moinhos do Alto de S. Bento com a intenção de os ver a funcionar novamente, e, nessa sequência a autarquia eborense, reconhecendo o potencial educador do local, estabeleceu em 1999 um protocolo com o Museu Nacional de História Natural (MNHN), sob a coordenação científica do Professor Doutor Galopim de Carvalho, e criou, em 2001, o Núcleo Museológico do Alto de São Bento, onde se trabalha, em especial, a geologia e mineralogia do granito e a flora do local.
Para apoio destas duas vertentes, a autarquia mandou restaurar dois moinhos para servirem de centros de atividades experimentais e de documentação, um para a geologia e outro para a florística. Neste propósito contou com o apoio do MNHN, tendo o projeto a assinatura do Arq. Mário Moutinho, e ainda, com a participação do Departamento de Ecologia da Universidade de Évora.
A requalificação do mais recente moinho de vento foi iniciada em 2019 com a adjudicação de um estudo etnotecnológico que a Autarquia fez para conhecer e definir a memória da tecnologia tradicional usada para a moagem dos cereais. Os trabalhos, quase concluídos, acrescentam assim uma nova e igualmente importante vertente a este recurso educador de Évora, o qual é também de memória, de identidade e de relação entre pessoas e natureza.
Esta edição dos “Moinhos Abertos”, dinamizada a nível nacional pela Rede Portuguesa de Moinhos, destina-se, segundo os organizadores, a “chamar a atenção para o inestimável valor patrimonial dos nossos moinhos tradicionais, por forma a motivar e coordenar vontades e esforços de proprietários, organizações associativas, autarquias locais, museus, investigadores, molinólogos, entusiastas e amigos dos moinhos para a sua preservação e valorização”.
Fonte: Nota de Imprensa