No decorrer dos primeiros seis meses da nova direção do Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo, em Évora, a Rádio Campanário entrevistou a diretora Sandra Leandro, que assumiu o cargo com intenção de lutar por mais orçamento e resolver os constrangimentos ao nível dos recursos humanos.
Questionada sobre a luta por um orçamento menos subfinanciado, Sandra Leandro diz que “essa batalha tem muitas guerras, e estamos nas várias frentes de batalha para conseguir isso, tal como todos os outros museus nacionais”, afirma.
Além disso, “nós temos, neste momento, como é do conhecimento geral, bastantes dificuldades financeiras, portanto não é algo que se resolva estalando os dedos, todos nós sabemos as dificuldades que o país atravessa e a pandemia nos trouxe”, diz a diretora.
Pelo que, “neste momento, é continuar a lutar para que as condições melhorem e ir para frente com as condições que nós temos neste momento”, pelo que “o que me parece que nos devemos concentrar é naquilo que conseguimos ir fazendo mesmo com os parcos meios que temos”, sublinha. Pois “não é só o problema financeiro aquilo que me preocupa, mas preocupa-me talvez ainda mais os parcos recursos humanos que nós temos”, afirma.
Questionada sobre os constrangimentos que a falta de recursos humanos causou no funcionamento da instituição, com o encerramento um final de semana por mês, a diretora afirma que “desde a minha vigência que isso não acontece, nós conseguimos fazer uma gestão de pessoal de forma a que isso não aconteça”. Acrescentando também que “o museu estava fechado também às terças-feiras, da parte da manhã, e desde a minha vigência que isso não acontece”.
Questionada sobre as garantias conseguidas por parte da tutela, a diretora diz que “a tutela ouve-nos, mas como nenhum de nós, não faz milagres”, pelo que “se a cultura a ser suborçamentada de uma forma geral, também infelizmente e lamentavelmente nos atinge a todos nós, que trabalhamos aqui nesta área dos museus”. Assim, saliente que “estamos a tentar fazer o melhor com a tutela”, dando como exemplo a resolução dos problemas técnicos do ar-condicionado, como sendo “uma solução conjunta”.
Salientando ainda a morosidade dos processos, Sandra Leandro afirma a necessidade de ser “muito persistentes e com essa persistência ir conseguindo soluções para os problemas que se apresentam”.
No que fiz respeito às atividades desenvolvidas ao longo dos primeiros seis meses da sua gestão, a diretora do museu diz que “felizmente, o balanço é altamente positivo, as atividades têm sido mais que muitas e reconhecidas”. Dando como exemplo a escolha do Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo, em Évora, “para representar Portugal no Conselho da Europa, por causa da programação que nós fizemos para as Jornadas Europeias do Património”, onde “começámos com o tema da ‘loucura’ e terminámos com o tema da ‘cegueira’ e como incluir tudo isso nos museus e como facilitar toda a vida às pessoas que no fundo têm mais dificuldades em serem incluídas na sociedade”.
Ainda no que diz respeito à programação desenvolvida por si, explica que “começámos por fazer uma exposição retrospetiva de Evelina Oliveira, uma grande artista plástica e ilustradora de mão cheia, extremamente reconhecida”, sendo que “ela própria aqui veio fazer uma oficina de técnicas de impressão com materiais orgânicos”. Além disso, dá também o exemplo das Leituras no Cenáculo, “mesmo ainda quando o museu esteve fechado”, devido às restrições da Pandemia, salienta, “fizemos essas atividades para promover a leitura e para abrir o museu cada vez mais à população”.
Pois “queremos muito trazer as pessoas que nunca vieram ao museu até ele e temos tido a felicidade disso mesmo”. Assim “como o contrário, levar o museu para fora e para as outras pessoas”. Tudo isto com o intuito de “criar sinergias entre várias instituições, não só a Universidade de Évora, mas outros institutos fora de Évora, chamar investigadores, quer locais, quer nacionais, quer internacionais”, acrescenta, afirmando que “os museus são esse espaço de abertura a todos”.