O papel da tecnologia digital ao serviço da preservação, salvaguarda e compreensão do património, foi o tema em discussão na sessão de ‘Conversas com Ciência’ que decorreu na histórica Sociedade Harmonia Eborense. Gustavo Val-Flores, técnico da Câmara de Évora especialista em modelação tridimensional (3D), foi o convidado desta conversa do Projeto Missão Ciência & Arte.
A conversa, em registo informal, centrou-se nas vantagens e desvantagens que a introdução das tecnologias digitais (3D, digitalização através de laser, fotogrametria e realidade virtual) acarreta para o campo do Património histórico. Se é verdade, por um lado, que a inovação tecnológica permite fazer reconstituições e simulações sobre elementos patrimoniais desparecidos, possibilitando propostas pedagógicas que representem as vivências dos períodos históricos em estudo, por outro lado, Gustavo Val-Flores, deixou o alerta para o perigo de substituição do real pelo virtual, gerando dificuldades ao nível da gestão patrimonial.
Como mais-valia, estas tecnologias digitais podem também ser úteis em caso de acidente que danifique um monumento. Exemplo disso é a Catedral de Notre Dame, em Paris, parcialmente destruída por um incêndio, cuja reconstrução de forma fiel, em curso, só é possível devido ao uso de técnicas virtuais e digitais. Para este técnico do município de Évora, o uso da tecnologia “deve constituir um meio para aquisição de conhecimento e, não, um fim em si mesmo.” As conversas com ciência são palestras informais que se realizam, mensalmente, em espaços emblemáticos de Évora. Fazem parte do Projeto Missão Ciência & Arte, cujo objetivo principal é valorizar e divulgar a ciência. A organização conjunta é da Universidade de Évora e da Câmara Municipal.