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Évora recebe sessão de debate do uso sustentável da água e opções no regadio

O Movimento Chão Nosso promove uma tribuna pública em Évora, este sábado, para sensibilizar para o uso sustentável da água, devido à seca, e utilização deste “bem escasso” em culturas capazes de “suprir necessidades alimentares nacionais”.

“A ideia é sensibilizarmos as pessoas para o consumo de água de forma regrada” e para que “percebam que, mesmo que tenhamos muito cuidado em casa, a agricultura continua a ser o destino da grande quantidade de água que se consome”, disse hoje à agência Lusa Noel Moreira, do movimento.

A sessão, intitulada “Água Para Que Te Quero?” e associada ao Dia Mundial da Água, comemorado na última terça-feira, está marcada para as 16:00 de sábado, na Praça do Giraldo, no centro de Évora.

Carlos Pinto de Sá, presidente da Câmara de Évora, Rui Salgado, professor da Universidade de Évora, climatologista e especialista em Física da Atmosfera, Jorge Fael, da Associação Água Pública, e Laura Tarrafa, da Confederação Nacional de Agricultura, são os oradores convidados, segundo o Movimento Chão Nosso.

A iniciativa pretende analisar “a situação de escassez de água que a região atravessa”, devido à seca, e “opções políticas que têm sido tomadas em relação à gestão da água”, como as que “têm conduzido à alteração do uso do solo e à alienação da gestão da água da esfera pública”, referiu a organização, em comunicado.

Segundo Noel Moreira, as opções políticas que têm sido feitas em relação à água “devem ser discutidas”, já que se trata de “um bem escasso” e a seca no Alentejo, como a atual, “é um problema recorrente”.

“Precisamos de discutir publicamente este assunto, colocando dados em cima da mesa sobre aquilo que tem sido a política agrícola no Alentejo e para onde é que se tem direcionado a canalização desta água, que é fundamental para todos nós”, argumentou.

O porta-voz considerou ser necessária “uma política agrícola nacional que permita suprir, pelo menos em parte, aquilo que são as necessidades alimentares” do país, ao invés de promover “culturas intensivas e superintensivas de olival e amendoal”.

Nos últimos anos, “a área de regadio em Portugal aumentou 17%”, mas assenta em “grandes produções agrícolas intensivas de azeitona e de amendoal”, enquanto, ao mesmo tempo, “a produção de cereais em Portugal, na última década, desceu 33%” e assistiu-se também “à diminuição da produção de tomate, batata ou hortícolas”, referiu.

“A grande quantidade de água que se consome é direcionada à agricultura”, pelo que “precisamos de ver muito bem que tipo de culturas agrícolas queremos ter, principalmente numa altura em que, cada vez mais, se vão avizinhando anos de seca atrás de anos de seca”, alertou.

O Movimento Chão Nosso, apresentado publicamente em julho de 2020, foi criado “em defesa da cultura, património e biodiversidade do Alentejo”, por residentes na região preocupados com as alterações surgidas nas últimas décadas na paisagem, devido à agricultura intensiva.

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