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Évora: “ Vim para devolver o ARCADA aos Eborenses!” diz José Coelho Gerente do Café-Restaurante ARCADA(c/som)

O emblemático café Arcada, localizado na Praça do Giraldo em Évora, voltou a abrir portas no dia 12 de abril. O novo projeto para este espaço arrancou em 2021, e conta com a gerência de José Coelho.

A Rádio Campanário falou com o empresário que começou por referir que este projeto “é uma enorme responsabilidade,” destacando que “esta casa é uma casa não só de Évora, mas do país. Estamos a falar de uma casa que abriu em 14 de fevereiro de 1940.”

Sobre este novo espaço, José referiu que o feedback tem sido um pouco ambíguo. “Somos criticados por alguns pelo que fizemos, que não foi o que eles estavam a pensar, outros dão-nos os parabéns”, rematando que “nem Deus conseguiu agradar a toda a gente.”

Para o empresário “está a ser um grande projeto, envolve muita gente por trás. A casa está quase 24h/24h a trabalhar e é uma grande responsabilidade.”

Questionado acerca da arquitetura do espaço, José referiu “tentámos manter a matriz original,” nomeadamente aspetos característicos do espaço como “a porta rotativa e a fotografia antiga da orquestra.” No entanto a gerência quer ser mais audaz e para isso pediu à Câmara “vídeos e fotos para passarmos nos nossos painéis led a orquestra a tocar. Toda a gente e as pessoas mais velhas perguntam todas onde é que está a orquestra.”

Esta casa foi sempre muito marcada pelos variadíssimos negócios que ali se faziam, nomeadamente relacionados com a agropecuária. Questionado sobre se tinha como objetivo manter esse tipo de cliente começou por referir “diziam que era a terça-feira do porco, na altura, que era onde se faziam todos os negócios de gado aqui na cidade, era tudo aqui no Arcada.”

No que diz respeito às diferenças que o espaço apresenta depois da sua remodelação, José referiu que “a vertente antigamente era parecida. Eles tinham a pastelaria aqui na parte de cima e o restaurante na parte debaixo. Depois, a casa sofreu obras e agora já não permite ter o restaurante na parte debaixo, então a gente aqui com um trabalho um bocado complicado fazemos tudo no mesmo sítio.”

O que é que mudou desde então desde a remodelação foi “acima de tudo, o café Arcada já não era um café das pessoas de Évora, era o café do turismo que vinha. Pelo que eu sei, também a nível do restaurante já não servia muita coisa e nós tentamos remodelar tudo de uma ponta à outra. Voltámos a ter no mesmo sítio a papelaria, que teve muito tempo esquecida, chamava-se O Charuto.”

“Em relação à antiga gerência, remodelámos a fábrica toda para podermos ter o nosso fabrico próprio tanto de pão como de pastelaria”, frisou José Coelho.

A gerência do Arcada mudou, mas a qualidade e o fabrico próprio mantêm-se inalterados. O empresário destacou que “há dois pasteleiros que são os mesmos, há outros dois que não, mas as receitas são as mesmas e a qualidade, pelo que as pessoas tem dito, está igual ou superior.”

José Coelho tem como ambição devolver esta casa aos eborenses, deixando de se focar no turismo, que ainda que seja necessário não é a sua prioridade. “Esta casa é para os Eborenses, o turismo é um acréscimo, tanto que os preços que nós praticamos, vou lhe dar o exemplo do café, o café no Arcada custava 1.10€, agora custa 0,75€, ou seja, a casa é para as pessoas de Évora. Também é para o turismo e, obviamente, precisamos muito do turismo, mas não podemos desprezar as pessoas de Évora. É essa a grande mudança, voltar a devolver o Arcada ás pessoas de Évora.”

Sobre os serviços que o Arcada disponibiliza agora aos eborenses, José Coelho referiu “voltámos a ter a tabacaria/papelaria, do lado direito voltámos a ter a pastelaria, com fabrico próprio e com ponto de venda de bolos e de pão que também de fabrico nosso, mais à frente temos uma loja de vinhos e fizemos a parte do restaurante, que permite às pessoas disfrutarem de um bom jogo de futebol, de uma boa música ao vivo, de um bom stand up comedy. Temos ali um palco para fazermos os nossos eventos e para dar a conhecer os nossos artistas alentejanos.”

“Tenho orgulho de ter 27 funcionários, toda a gente me chama maluco. Deus queira que eu os consiga manter e Deus queira que eles me ajudem a mim também, mas não é uma guerra fácil,” destacou José Coelho.

A música ao vivo vai ser uma aposta do Arcada. “Criámos ali uma zona com palco precisamente para ter música ao vivo, para estar a ouvir um bom saxofone, um bom piano uma música tranquila. A casa fecha à meia noite, talvez aos fins de semana às 02h00 mas para ter sempre aqui alguma qualidade ao nível musical também.”

Sobre os apoios que teve para conseguir efetuar esta remodelação e devolver aos eborenses um ponto de referência do Centro Histórico, José referiu “foi muito complicado, só à espera que ligassem a luz tivemos seis meses e eu tenho a agradecer ao proprietário que não nos cobrou rendas durante esse tempo.”

No que diz respeito à obra, José explicou “não é um projeto só meu, eu tenho um sócio, que é o João, e ele foi uma parte muito importante. Ele tem uma empresa de construção e toda a parte da obra foi executada por ele. Quanto ao resto de apoio, tivemos alguns apoios ao nível de fundos comunitários que conseguimos para revitalizar esta zona histórica. O resto foi muito trabalho meu e de amigos meus.”

Para manter os 27 funcionários o Arcada tem “que ter muita venda. Acho que todas as casas quando abrem têm que ter um pico, depois desse pico ela vai baixar, e quando ela baixar vamos ver o quanto é que ela vai baixar.”

Questionado sobre qual era a sua prioridade José Coelho destacou, “tenho dois filhos pequenos e este é o terceiro. Vou viver para isto e vou estar aqui sempre das 06h00 às 02h00. A nível de investimento e das pessoas que vivem aqui do café Arcada é uma grade responsabilidade e eu não gosto de falhar a ninguém e não quero defraudar ninguém, mas o dono de uma casa tem que lá estar e tem que dar a cara e viver para isto.”

O empresário concluiu referindo “todos os projetos que tive sempre me dediquei a 100% e às vezes até prejudicando a minha vida familiar, mas só assim é que se consegue.”

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