33.7 C
Vila Viçosa
Segunda-feira, Setembro 16, 2024

Ouvir Rádio

Data:

Partilhar

Recomendamos

EXCLUSIVO: “O Cante Alentejano é o Ritmo do Coração” – Buba Espinho e a preservação da cultura alentejana.

Buba Espinho, natural de Beja e nascido a 24 de abril de 1995, cresceu numa família de artistas, sendo desde cedo influenciado pelo Cante Alentejano. Hoje, é uma das vozes emergentes mais promissoras da música portuguesa, levando a cultura alentejana aos quatro cantos do país e do mundo. A  Rádio Campanário, conversou com o jovem artista para conhecer mais sobre o seu percurso e a sua missão de promover o Cante Alentejano.

Augusta Serrano (AS): Cantar no Alentejo tem um significado muito especial para si. Como é levar essa cultura alentejana em todas as suas apresentações, tanto em Portugal como no estrangeiro?

Buba Espinho (BE): Cantar no Alentejo é sempre especial, porque é a minha casa, o lugar onde me sinto verdadeiramente confortável. Nos últimos dois anos, tenho viajado por todo o país e fora de Portugal, sempre com o Alentejo às costas. Voltar ao Alentejo é sempre um reencontro com as minhas raízes, com a minha cultura e com o meu povo. Cantar as nossas modas junto do nosso povo é uma experiência que nunca perde a sua magia.

AS: A sua carreira começou de forma precoce, mas alcançou rapidamente um lugar de destaque na música portuguesa. Esperava que tudo acontecesse tão depressa?

BE: Quando era mais novo, sonhava que tudo acontecesse o mais rápido possível, mas aprendi que o percurso natural e gradual é o mais valioso. Orgulho-me de ter dado cada passo no momento certo, sem apressar o processo. Na música, é crucial estarmos preparados para cada etapa. A estrada e a experiência adquirida ao longo dos anos são o que nos capacita para enfrentar os grandes palcos. E esse crescimento gradual é algo de que me orgulho profundamente.

AS: Sente que o seu papel na música vai além do de um artista, mas que é, de certa forma, um missionário da cultura alentejana?

BE: Sem dúvida. O Alentejo é algo que me define, corre nas minhas veias. Sinto que somos um povo único, com uma identidade muito forte e uma ligação profunda às nossas raízes. Em palco, há uma emoção indescritível ao cantar as modas que ouvi desde criança, especialmente quando vejo tantas pessoas a valorizarem o Cante Alentejano. É algo que me enche de orgulho e que considero uma verdadeira missão: preservar e divulgar a nossa cultura.

AS: Tem um grande concerto agendado para breve. Pode contar-nos mais sobre essa oportunidade?

BE: Sim, vou realizar o meu primeiro concerto no Coliseu dos Recreios em Lisboa, algo que ambicionava há muito tempo. Este concerto será uma retrospetiva da minha vida e carreira, desde os meus primeiros passos no Cante Alentejano até às colaborações com artistas de outros géneros musicais. Claro que o foco será sempre o Alentejo e o Cante, que é maior do que qualquer outra coisa. Vai ser uma noite muito especial, onde espero transmitir toda a emoção e a riqueza do nosso património cultural.

AS: E há novos projetos em desenvolvimento?

BE: Sim, estamos a preparar um projeto para celebrar os 10 anos do Cante Alentejano como Património Imaterial da Humanidade. Este projeto irá misturar o Cante com outros géneros musicais, mostrando que o Cante Alentejano pode estar ao lado de qualquer outro estilo musical. Queremos levar esta tradição a novos públicos e contextos, desconstruindo a ideia de que o Cante só pertence às feiras e festivais. A nossa missão é levar cultura e mostrar a riqueza do Cante Alentejano em todos os palcos.

AS: O Cante Alentejano tem evoluído ao longo dos anos. O que acha que nunca pode mudar nesta tradição?

BE: O Cante Alentejano tem o ritmo do coração, e é isso que nunca pode mudar. O que torna o Cante tão especial é o orgulho com que cantamos as nossas modas, a ligação profunda que sentimos com a nossa terra. Independentemente das mudanças que possam surgir, o essencial é que o Cante continue a ser uma expressão autêntica da nossa identidade alentejana. O orgulho em ser alentejano é algo que atravessa gerações e que, acredito, nunca desaparecerá.

AS: E para concluir, o novo projeto resultará num CD e numa digressão?

BE: Sim, em novembro vamos revelar todos os detalhes. Será um projeto muito especial e mal posso esperar para partilhá-lo com todos.

A conversa com Buba Espinho revelou não apenas um jovem talento em ascensão, mas um verdadeiro guardião da cultura alentejana. Com um profundo respeito pelas suas raízes e um compromisso inabalável em preservar e promover o Cante Alentejano, Buba demonstra que o seu sucesso não é fruto do acaso, mas de um trabalho árduo, aliado a uma missão clara: manter viva a tradição do Alentejo enquanto a leva a novos públicos. A sua capacidade de equilibrar inovação com respeito pela tradição faz dele uma figura singular na música portuguesa contemporânea. Ao preparar-se para um concerto tão importante como o do Coliseu dos Recreios, fica claro que o futuro de Buba Espinho será marcado por momentos de grande significado cultural e emocional, tanto para ele quanto para todos aqueles que valorizam a riqueza do património alentejano.

Populares