As Misericórdias do distrito de Évora têm vindo a apresentar preocupações com a situação financeira decorrente do facto de a Segurança Social não comparticipar o serviço domiciliário ao fim de semana. Inquirido por esta estação emissora sobre o assunto, Manuel Galante, presidente do Secretariado Regional de Évora da União das Misericórdias Portuguesas, afirma que a situação “não está ainda resolvida, eu creio que já houve decisões muito importantes”.
Avança a existência de um compromisso verbal com a Segurança Social para correção da situação, não havendo nenhum documento escrito, “mas quero acreditar que vai ser uma realidade”.
O distrito de Évora, sofre “esta «injustiça»” uma vez que nunca recebeu comparticipação para o serviço domiciliário no período de fim de semana, enquanto existem distritos no país “que sempre receberam”.
Questionado se o referido compromisso verbal contempla o pagamento de serviços desde o início do ano, como as Misericórdias do distrito pedem, afirma que “a postura da Segurança Social é que não há retroatividade nesta matéria”.
Realçando a importância do serviço domiciliário qualificado como uma “resposta de futuro”, afirma que “se não tivermos esses apoios, dificilmente a gente consegue aguentar”.
Com esta situação, são penalizadas as Misericórdias “que têm uma frequência mais elevada de serviços de apoio ao domicílio”, sendo que Reguengos de Monsaraz apresenta perdas mensais de 2 mil euros, avança, e em Borba “podemos estará a falar de 10, 11 mil euros/mês”, é este “o caso mais gritante” no distrito.
Questionado sobre a possibilidade de cessação do serviço ao fim de semana caso a situação se mantenha, aponta que o utente vem em primeiro lugar, pelo que não acredita que tal se venha a verificar, apesar de tal ser falado “nas alturas em que estamos mais aborrecidos e arreliados com estas matérias”.
Esta, afirma, é uma “questão da sustentabilidade” “e nalguns aspetos de sobrevivência”, existindo já “Misericórdias no distrito de Évora com grandes dificuldades, praticamente em insolvência”, aponta, não avançando quais.
Inquirido sobre uma possível rotura financeira das instituições verificando-se uma procura que supera a oferta, explica que “o custo médio” da prestação de serviços “é muito superior” ao valor recebido, uma vez que este representa uma percentagem da reforma dos idosos, que no distrito “são muito baixas”.
“Já se vai falando numa diferenciação positiva do interior”, avança, defendendo “uma comparticipação adicional” que considere o fator de interioridade, assim como a criação de “um modelo de financiamento”, por parte da Segurança Social, que aumente o financiamento “a quem efetivamente precisa”, em detrimento de quem tem reformas superiores.