O projeto junta três regiões do Sul da Península Ibérica e delas veio a técnica e a mestria mas as peças de novo artesanato da coleção “Contentores de histórias”, não têm nacionalidade e a criatividade que as fez nascer não respeitou fronteiras.
O projeto TASA – Técnicas Ancestrais, Soluções Atuais desafiou artesãos do Alentejo, Algarve e Andaluzia a colaborar com o designer de produto Hugo da Silva e com a designer de comunicação Joana Prudêncio, na elaboração de uma coleção que juntasse saberes e técnicas das três regiões.
De acordo com a notícia avançada pelo Sulinformação, há diversos artesão envolvidos no projeto, nomeadamente os artesãos Vitor Caço (Alentejo), José Rosa, Martinho Jacinto e Vanessa Flórido (Algarve), e Antonio Nuñez e Rogelio Moreno (Andaluzia) que contribuíram com conhecimentos do uso de vários materiais, nomeadamente palma, cana, vime, madeira e pele, para criar «peças que combinam materiais sustentáveis, criando novas soluções para as artes tradicionais e enaltecendo identidades locais», segundo a Proactivetur, a empresa que dinamiza o TASA, um projeto promovido pela CCDR do Algarve.
«Esta exposição nasceu da vontade de fazer produtos entre a Andaluzia, o Alentejo e o Algarve. Daí termos pegado na ideia de contentores, que é um produto que é comum em qualquer cultura, e conjugado artesãos com as técnicas das três regiões. Daqui criámos nove produtos, em que apenas um tem uma técnica só do Alentejo. Todos os outros são uma combinação», revelou Hugo da Silva, diretor criativo da nova coleção TASA.
«É quase um diálogo, são histórias que são aqui contadas, nas quais temos o artesão do Alentejo a trabalhar com o da Andaluzia, temos o da Andaluzia a trabalhar com o do Algarve. E essa comunicação entre as peças, essa linha que continua entre as peças, é o que vai contando histórias», acrescentou.
Hugo Silva revelou que nesta exposição “temos o mobiliário alentejano, que é um mobiliário muito tradicional. Desta vez, tínhamos um artesão jovem, que já trabalhou como aprendiz, mas que desde que as empresas onde ele trabalhou fecharam, sempre tentou voltar a pegar na madeira e fazer produtos/materiais inspirados no mobiliário alentejano. Daí termos trabalhado com ele”.
Neste caso concreto, a inovação foi introduzida não apenas pelo design, mas também pelo material utilizado. «Fomos buscar um lado inovador com material que é português, 100% português, produzido em Portugal que é o aglomerado de madeira Valchromat, que sendo um produto nacional autêntico, achámos que tinha muitas valências para trazer para o mobiliário alentejano, neste caso, para estas peças», explicou.
As decorações que embelezam as peças foram trabalhadas por Vítor Caço, «inspirado nas folhas, nas flores, que são normais e características do mobiliário alentejano e que o identificam».
Para já, existem apenas os prótótipos, que estão em exposição na CCDR, em Faro, mas a equipa do TASA vai «iniciar o trabalho ao nível de produção e acabar alguns detalhes, para que possamos ter as peças à venda no site e na loja», algo que deverá acontecer «no próximo ano».
O “Contentores de histórias” é um projeto que é feito no contexto da Eurorregião Alentejo, Algarve e Andaluzia, pelo que esta está «em cada uma destas peças, o que para nós também é muito importante», revelou, por seu lado, Maria de Lurdes Carvalho, diretora de serviços de Desenvolvimento Regional da CCDR do Algarve.
«É muito importante, também, pelo aspeto do desenvolvimento regional porque, de facto, o artesanato ao ser feito pelas pessoas, com os produtos endógenos, com os produtos da região, é extremamente importante para o desenvolvimento da região. Não parece ter grande dimensão mas de facto tem», disse ao Sul Informação a mesma responsável.
A exposição está patente ao público até ao dia 18 na sede da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve, em Faro
Este é um projeto, co-financiado pelo Programa Operacional de Cooperação Transfronteiriça Espanha Portugal (POCTEP), no âmbito do projeto GIT_EURO_AAA_2020 – Gabinete de Iniciativas Transfronteiriças Alentejo-Algarve-Andaluzia, cujos beneficiários são a Junta Autónoma da Andaluzia, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo.