A arte da Falcoaria em Portugal foi declarada esta quinta-feira, dia 1 de dezembro, Património Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura, durante a 11ª reunião do Comité Intergovernamental para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial, que está a decorrer em Addis Abeba, Etiópia.
Para ilustrar a candidatura, o presidente da autarquia de Salvaterra de Magos deu a conhecer, às várias delegações da UNESCO, alguns utensílios de Falcoaria, entre eles uma luva de falcoeiro e três caparões.
Nas palavras do presidente da Entidade de Turismo Alentejo / Ribatejo, António Ceia da Silva, é um grande feito, conseguir-se três classificações em três anos, “é inédito e deixa-nos muito felizes e muito orgulhosos e muito responsáveis em relação ao trabalho que temos que fazer todos os dias para conseguirmos manter esta dinâmica de afirmação do território e de afirmação identitária da região”.
Questionado sobre a mais valia que representa para a região, diz que “um selo da Unesco traduz de imediato o aumento exponencial incalculável de visitantes da Falcoaria Real de Salvaterra de Magos que muitas pessoas não conheciam e isso significa um aumento de visitantes e um aumento de toda a banda larga do setor do turismo”.
A candidatura “Falcoaria. Património Humano Vivo” foi liderada pela Câmara Municipal de Salvaterra de Magos, devido à autenticidade que o edifício da Falcoaria Real confere ao concelho, em parceria com a Universidade de Évora e a Associação Portuguesa de Falcoaria (APF), contando ainda com o apoio e colaboração da Entidade Regional de Turismo do Alentejo / Ribatejo.
A Falcoaria, enquanto forma de caça, compreende a parceria entre homem e ave de presa para a captura de um animal selvagem no seu habitat natural, tratando-se de uma forma de caça ecológica, de baixo rendimento, que apela à comunhão com a natureza, procura a estética do lance de caça e cuja prática, a nível nacional, detém características únicas que mereciam o reconhecimento da UNESCO.
Recorde-se que o processo de recuperação e valorização da Falcoaria Real começou há mais de 60 anos, quando este edifício é classificado como Imóvel de Interesse público em 1953 (Decreto n.º 39 175, DG, I Série, n.º 77, de 17-04-1953), obrigando a que a sua traça arquitetónica fosse mantida. Na década de 1980, a Câmara Municipal de Salvaterra de Magos consegue comprar o edifício ao seu último proprietário privado, o Conde Monte Real, e no ano de 2009 volta a abrir as suas portas, completamente recuperado.
Atualmente, o espaço, local de cultura e lazer por excelência, recebe diariamente visitantes que podem conhecer pormenores sobre a construção do edifício e sobre a fixação da família real em Salvaterra. Ao mesmo tempo podem, com o acompanhamento técnico de um falcoeiro, tomar contato com as cerca de 25 aves de presa de diferentes espécies que vivem permanentemente na Falcoaria Real, incluindo demonstrações diárias de baixo e alto voo.
A Câmara Municipal de Salvaterra de Magos está empenhada em promover a Falcoaria Real, bem como a prática deste tipo de caça, contando com o apoio da Universidade de Évora e da Associação Portuguesa de Falcoaria para desenvolver atividades que possam dar continuidade a este trabalho. O Município pretende também que Salvaterra seja um local assíduo para todos os falcoeiros e para novos praticantes, para quem queira aprender mais sobre esta prática e para quem tencione estudar e aprofundar conhecimentos sobre a temática.