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Falta de segurança no troço que desabou foi notícia em primeira mão na Campanário em 2014 (c/som)

Há pelo menos quatro anos que a falta de segurança no troço já tinha sido notícia, nomeadamente em 2014, através de uma reportagem da Rádio Campanário, onde era referido que estava a ser equacionado o encerramento da estrada pela necessidade de “segurança para as pessoas e para os veículos automóveis”, conforme as declarações do administrador da empresa Marmetal, Luís Sotto Mayor, à data. Esta segunda-feira, 19 de novembro, após a tragédia o mesmo fez o relato de como foi percecionada a tragédia, visível desde os escritórios da empresa.

Um pouco antes das 16h “ouvimos um grande barulho e a luz desligou-se”, relatou, tendo identificado logo que “caiu a estrada”. O administrador recordou então a reunião realizada há mais de quarto anos, com a Câmara Municipal de Borba, a Direção Regional de Economia e vários empresários, “para tentar encontrar uma solução para um eventual encerramento de uma parte desta estrada”.

“O problema que se punha aqui era mais numa tentativa de explorar a pedreira de uma forma com segurança”

 

 

O empresário refere ainda que “o problema que se punha aqui era mais numa tentativa de explorar a pedreira de uma forma com segurança” e “estarmos minimamente descansados”, para “minorar um problema que vem a subsistir em função da estrada e da altura que tinha e da situação geológica da caracterização deste maciço”.

“Estamos a falar de uma altura de terra de quase 50 metros, que é um volume enorme de terra e de pedras”

Neste sentido, existe um estudo datado de 2006, intitulado “Alguns indicadores geológicos e ambientais indispensáveis ao reordenamento da actividade extractiva: o caso do Anticlinal de Estremoz”, que revelava que a antiga EN 255 atravessa várias zonas em que se verifica uma fracturação da jazida, existindo, precisamente em Borba, uma zona “muito fraturada”. Esta análise é da autoria de Carla Midões, Patrícia Falé, Paulo Henriques e Carlos Vintém, do INETI – Instituto Nacional de Engenharia Tecnologia e Inovação.

Questionado sobre a profundidade em que as vítimas se encontram soterradas, o mesmo refere que “estamos a falar de uma altura de terra de quase 50 metros, que é um volume enorme de terra e de pedras que, com o próprio deslizamento, ganha alguma velocidade e entra pelas pedreiras adentro”. Caracterizando assim “uma situação muito complicada que decorre do próprio deslizamento”. Dando o exemplo de que na sua pedreira “só estamos a explorar a cerca de 150 metros da estrada” por “uma questão de segurança”.

À data, em 2014, o presidente da Câmara Municipal de Borba, António Anselmo disse à Rádio Campanário que “foram feitos estudos, ouvidos os empresários, houve uma explicação e já falamos com todos os proprietários de terrenos envolventes, mas estando em causa o perigo da estrada o assunto é muito sério”.

Contudo, quando questionado sobre possíveis obras na estrada, António Anselmo disse que “a câmara não tem que fazer obras na estrada, se existir algum relatório que prove que a estrada é insegura, a única coisa que se pode fazer é limitar o trânsito, é um processo que estamos a avaliar com muita atenção e muita calma”.

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